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Agência Pública lança projeto transmídia sobre remoções no Rio Olímpico

A Agência Pública lançou na última quarta-feira, 20, o projeto 100, levantamento multimídia feito sobre as remoções ocorridas no Rio de Janeiro por conta das obras para a Olimpíada deste ano. Foram quatro meses de apuração, e o trabalho é resultado do primeiro laboratório Transmídia da Casa Pública – o primeiro Centro Cultural de Jornalismo do Brasil.

A edição criativa do projeto ficou a cargo da colombiana Olga Lucía Lozano, fundadora do site La Silla Vacía e vencedora do Prêmio Gabriel García Márquez de inovação em 2013. Ela passou um mês como residente da Casa Pública, onde trocou experiências e ideias com a equipe brasileira comandada por Natalia Viana, co-diretora da Agência Pública. A apuração contou com a participação de alunos do curso de jornalismo da ESPM Rio na produção das reportagens.

“Essa reportagem especial é resultado de um trabalho com diferentes mídias mas também diferentes linguagens, culturas e sotaques. Foi um enorme desafio que gerou uma experimentação muito rica: o desenvolvedor era iraniano, a designer e a editora criativa, colombianas, nossos repórteres vêm de várias partes do Brasil. O resultado reflete essa mistura”, conta Natalia Viana.

O especial vem sendo produzido desde abril deste ano, quando a equipe começou a andar pelo Rio de Janeiro registrando o que aconteceu com as famílias cujas casas foram demolidas para dar espaço a obras do Legado Olímpico. Quando o leitor abrir a página apublica.org/100, irá encontrar uma série de casinhas coloridas empilhadas. Ao clicar em cada uma delas, será aberta a história da família removida e um mapa, indicando de onde os removidos saíram e para onde foram.

Os relatos, feitos em vídeo pelas próprias vítimas, podem ser usados por pesquisadores, jornalistas e gestores de políticas públicas como fonte primária de informação. Trata-se de uma base de dados viva sobre as remoções olímpicas. A Agência Pública usou como parâmetro a estimativa do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro a respeito de três obras listadas como Legado dos Jogos Olímpicos: o BRT Transolímpica, o BRT Transoeste, o Porto Maravilha e as obras para reforma do estádio do Maracanã. O comitê identificou 2.186 famílias removidas apenas para esse conjunto de obras. O projeto da Agência Pública ouve 100 delas, uma amostra significativa do total (cerca de 5%).

O projeto transmídia também conta com uma playlist composta por músicas que fazem os personagens lembrarem de suas casas e um muro que convida a o leitor a pichá-lo virtualmente. “Todos os elementos do especial buscam mostrar diferentes dimensões dessa experiência das remoções massivas, que são o maior e mais duradouro legado da Olímpiada do Rio”, diz Natalia.

“Ao ouvir todas essas famílias com a atenção que elas merecem, juntamos evidências bastante concretas de seríssimas violações de direitos humanos, de direito à moradia, à liberdade de ir e vir, à informação e até à liberdade de expressão. Descobrimos que no Rio de Janeiro muitas famílias têm medo de falar sobre o que aconteceu com elas depois da remoção. Esse especial vai dar voz a elas”.

No começo deste mês, durante a abertura da mostra “7 x 1 – Cinco anos de cobertura investigativa dos megaeventos”, na Casa Pública, Olga Lucía Lozano apresentou uma instalação artística interativa sobre o projeto 100. Chamada de Ladrilhaço, a parede composta por cem tijolos de espuma foi demolida coletivamente pelos visitantes da mostra. Os tijolos são numerados, cada um representando uma das histórias que serão contadas. Para assistir ao vídeo, acesse: https://goo.gl/ajnYtB.

O site conta com 62 histórias de remoções. A partir da próxima segunda-feira, a Agência Pública abre uma chamada para que o público complete essa maratona jornalística, enviando relatos até que o projeto se complete com 100 histórias, antes do final da Olímpiada 2016. Todo o conteúdo do projeto 100 será disponibilizado em inglês a partir da próxima semana.

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