Como qualquer outro setor da Economia Brasileira, o audiovisual publicitário foi surpreendido no início da pandemia ao ter que lidar com limitações para continuar seus trabalhos de forma remota durante a fase vermelha. Apesar do caótico cenário nacional e de se ver impossibilitado de filmar aos moldes tradicionais, tendo que buscar por soluções como produções remotas, banco de imagens e projetos em animação, o setor conseguiu ter uma resposta rápida.
Isso é o que mostra dados da Agência Nacional de Cinema (ANCINE), complementado por um Mapeamento feito pela APRO e FilmBrazil – plataforma de promoção do audiovisual publicitário brasileiro no mercado internacional -, ao divulgarem que o valor total de trabalhos exportados nos últimos 12 meses foi de aproximadamente 25 milhões de dólares em 2020.
No cenário brasileiro, segundo a Agência Nacional de Cinema (ANCINE), em 2020 tivemos um total de 38.281 títulos publicitários, ou seja uma queda de 14% em relação a 2019 no volume de registros publicitários.
“Diante da situação imposta pela pandemia tivemos que nos reinventar, buscamos novas formas de produzir e nos adaptamos porque precisávamos encontrar caminhos possíveis de execução para os trabalhos. Essa, inclusive, foi a motivação que tivemos para, junto com o SIAESP e o SINDCINE, desenvolver um Protocolo de Saúde e Segurança no Trabalho para o setor, o qual ajudou ainda mais na retomada das atividades de forma responsável e segura para todos. Foi possível também observar a potência do nosso Mercado, que mesmo diante de todas as adversidades conseguiu se superar, foi o caso das nossas produtoras de animação por exemplo, que vimos brilhar no mercado internacional nesse período de pandemia.” afirma Marianna Souza, Presidente Executiva da APRO e Gerente da FilmBrazil.
Mesmo com um cenário de incertezas e com as dificuldades do setor, que se viu novamente em fase vermelha na cidade de São Paulo e em estado de alerta no país todo em março de 2021, as produtoras conseguiram reagir e continuam entregando filmes de altíssima qualidade desde a fase mais restritiva da pandemia.
Esse é o caso do escritório brasileiro da Stink Films, o qual, recentemente, conquistou três prêmios na edição de 2021 do renomado Ciclope Latino, o mais importante festival do audiovisual.
“Todas as produções premiadas foram realizadas durante a primeira fase da pandemia. Inclusive, duas delas foram durante um dos momentos mais críticos do ano passado. Então, apesar de todas as adversidades, nossos profissionais também se reinventaram, saíram de suas zonas de conforto e buscaram formas criativas para manter a qualidade dos filmes”, conta Ingrid Raszl, Managing Director da Stink Films.
O mérito de produções entregues com excelência felizmente é compartilhado pela Stink com outras produtoras de imagem e áudio. São elas Iconoclast, Jamute, Punch Audio, Santeria, Satelite Audio, Stratostorm, Studio Cabaret e Zombie Studio, que também celebram importantes conquistas no Ciclope Latino. Ao todo, foram 7 prêmios, entre eles um Grand Prix.
- Grand Prix: “Let her run” para o SporTV – produzido pela Santeria, com produção de som do Studio Cabaret e criação da Africa;
- Animation: “A Luz Azul” para o Movimento Luz Azul – produzido pela Stink Films, com produção de som da Satelite Audio e criação da AKQA;
- Cinematography: “Sunbeams” para o WhatsApp – produzido pela Stink Films, com produção de som da Punch Audio e criação da AlmapBBDO;
- Visual Effects: “Astronaut” para Johnnie Walker – produzido pela Iconoclast, com produção de som da Jamute e criação da AlmapBBDO;
- Low Budget: “Dinâmica” – produzido pela Stink Films;
- Music Video: “My Only Love” para Moby – produzido pela Zombie Studio;
- No logo: “Umbrella” – produzido pela Stratostorm.
O Brasil teve um lugar de destaque no Festival. Além dos prêmios, cerca de metade das empresas que inscreveram seus trabalhos são brasileiras. O país teve um total de 78 filmes inscritos e ainda contou com 7 jurados para a premiação, sendo eles: Nathalia Kamura, Chris Jordao (Quiet City), Gabrielle Auad (MyMama), Daniel Salles (Zombie Studio), Luciano Neves (ClanVFX), Leandro HBL (Bando) e Rodrigo Ferrari (Africa).
“Foi um grande desafio produzir esse filme grandioso no meio da pandemia, então o prêmio acabou coroando todo esse nosso esforço”, Daniel Salles, Executive Creative Director & Partner da Zombie produtora que conquistou um outro com um clipe para o Moby. Para Pity Lieutaud, Head Executive Producer da Iconoclast Brasil, outra produtora premiada no Ciclope, “em um ano de pandemia, ter o Ciclope ativo é muito especial. Significa superar os prognósticos de crise e prestigiar produções relevantes, apesar de todos os desafios envolvidos”.
Os resultados do destaque brasileiro no cenário internacional do audiovisual mostram que a criatividade e a imaginação, que já eram grandes aliadas das produções, se transformaram na base para a retomada com qualidade para o mercado. E mais do que isso, ir além e sair da zona de conforto, buscando novas maneiras de filmar, mostrou-se essencial na hora de reagir, ao ponto de ser reconhecida pelas renomadas premiações em 2021.
“Em tempos tão difíceis e de tantas notícias duras, o audiovisual Brasileiro segue em destaque no cenário internacional trazendo alegrias para nosso país e mostrando ao mundo nosso talento e criatividade. Importantes festivais como Ciclope Latino honraram muitas produções brasileiras e neste momento podemos nos sentir abraçados por tanto carinho e reconhecimento do trabalho de tantos excelentes profissionais brasileiros pelo mercado internacional”, Helena Hilario, Produtora Executiva da Stratostorm.