Está chegando a hora! No próximo dia 1º de junho o Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba volta a ocupar as salas de cinema da capital paranaense depois de dois anos acontecendo apenas em formato online. Mais de cem filmes de 40 países, sendo quase a metade produzida no Brasil, foram selecionados para serem exibidos em mais de cinco lugares da cidade até o dia 9, além de uma programação intensa que inclui o retorno dos encontros do laboratório de desenvolvimento de projetos de longas-metragens CURITIBAlab e do Seminário de Cinema de Curitiba, que também será transmitido ao vivo.
“É com muita alegria que voltamos ao formato presencial, aos encontros, a essa troca que apenas a presença no festival e a vivência com os filmes possibilita. Tem ainda a questão da realidade pós-traumática que nos foi imposta. Estaremos, enfim, juntas e juntos, defendendo espaços e estruturas materiais que possibilitam os encontros e reiterando a potência da vivência coletiva”, afirma Antonio Junior, coordenador-geral do Olhar de Cinema. Ele destacou, porém, que a potência do online não pode ser ignorada. “Embora este ano muitas das atividades do festival retomem o seu caráter presencial, acreditamos na potência do on-line para alcançar novos públicos e possibilitar a democratização de acesso”, complementou. Assim, vários filmes estarão disponíveis e boa parte da programação poderá ser acessada via Internet.
Os filmes que integram a seleção deste ano fazem uma amostra da produção mundial realizada e lançada em meio a anos conturbados. São títulos que refletem a realidade específica nos anos da pandemia, que abordam conflitos ao redor do mundo (armados às vezes, mas também étnicos ou sociais) e trazem à reflexão questões como representatividade e visibilidade. Neles, muitas vezes se veem mesclados dramas individuais e familiares de cineastas e seus personagens com questões amplas de países e regiões onde suas narrativas se passam. Os filmes, então, se atravessam, unindo passado e presente, mas também projeções de possíveis futuros.
Além das tradicionais mostras do festival, de volta, a mostra Olhar Retrospectivo destaca a obra da estadunidense Su Friedrich, importante nome do cinema de invenção e referência indispensável para o pensamento das autorias lésbicas na produção de imagens, no centro de uma constelação composta também por filmes de outras cineastas e videastas. Foram escolhidos sete filmes, de diferentes períodos de seu trabalho como diretora em diálogo com outras artistas que, em sua maioria, têm em seus trabalhos a busca pela invenção e reinvenção da linguagem
Outra mostra que retorna ao festival é a Olhares Clássicos, com seis títulos que celebram a história do cinema, entre eles o fundamental “Nanook do Norte”, em seu centenário, e filmes menos conhecidos no Brasil realizados por cineastas como Sara Gómez, de Cuba, e Ousmane Sembène, do Senegal. Grandes nomes do cinema dos quais nos despedimos recentemente serão homenageados: Peter Bogdanovich, Arnaldo Jabor, Geraldo Sarno.
Um dos expoentes do chamado Novo Cinema Boliviano, Kiro Russo é o nome da Mostra Foco. Com dois longas e quatro curtas-metragens na filmografia, o cineasta tem apresentado um estilo atento à observação dos movimentos urbanos e rurais na Bolívia, mesclando a cosmologia indígena ao acelerado ritmo da urbanização no país. Já fora das mostras regulares, duas exibições especiais de filmes ganhadores nas últimas edições estão programadas no Museu Oscar Niemeyer, de “A Metamorfose dos Pássaros” e “Rolê – Histórias dos Rolezinhos”.
Toda a programação, com os filmes selecionados e atividades paralelas, está disponível no site do festival e no aplicativo para Android e iOS.