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Projeto que convida à responsabilidade individual na refundação da vida pandêmica estreia na Folha de São Paulo

No longínquo abril de 2020, quarenta voluntários responderam, durante dez semanas, a uma pesquisa que visava medir o pulso daquelas vidas durante o início da pandemia. Brasileiros de 18 a 70 anos, de CEO em home office em São Paulo a estudante sem aulas no Pará. Semana após semana, diferentes respostas para as mesmas perguntas revelavam, por trás dos dados sociodemográficos, o ser humano experimentando um novo mundo.

O mundo pandêmico. As respostas viraram um game para autorreflexão, uma pesquisa quantitativa finalizada em dezembro e uma série de conversas que serão realizadas ao longo do ano. Todo conteúdo ganha acesso gratuito na plataforma quemseremos.com.br, lançada em parceria com a Folha de S. Paulo.

O projeto voluntário é uma criação e realização das empresas Studio Ideias, [ EM BRANCO ] e Pepita, capitaneadas por seus fundadores Camila Holpert, Luciana Branco e Julio de Santi, respectivamente.

“O que estamos vivendo como humanidade é inédito e terá consequências de longo prazo. Identificar sentimentos, refletir a partir deles, agir no sentido da mudança é fundamental para que as feridas expostas durante a pandemia possam ser tratadas e que essas dores nos ajudem a transformar o mundo num lugar melhor para todo mundo”, fazem coro os criadores do trabalho.

Manifesto pessoal da pandemia – A plataforma disponibiliza aos interessados, gratuitamente, um game para autorreflexão. O participante é convidado a voltar no tempo e lembrar o que pensava antes mesmo da pandemia ser decretada pela OMS, o que sentiu quando a doença chegou ao Brasil e como foi sendo levado a fazer novas escolhas a partir do novo contexto de vida. Ao concluir a trilha, a partir das respostas do participante, um Manifesto Pessoal da pandemia é criado por algoritmos, validando os sentimentos experimentados e apontando possibilidades de novos caminhos.

“O manifesto pretende ser uma conversa do participante com ele mesmo. Como se ele pudesse, ao retomar com nova consciência os capítulos já vividos, se olhar no espelho. Entendendo nossa riqueza interior é possível vislumbrar uma vida nova, mais consciente”, explica Julio de Santi.

Pesquisa – Passados dez meses das entrevistas com os 40 voluntários, o projeto capitaneou uma pesquisa com 1.234 brasileiros, a partir de 16 anos, de diversas classes sociais, etnias e orientações sexuais, em todos os estados do País. A intenção era sentir o pulso das pessoas no fim do ano no qual, diferente do que se esperava, a pandemia parece não ter fim.

Os dados indicam que houve uma mudança de preocupações no começo da pandemia para cá. Se no começo 57% preocupavam-se mais com os pais e 33% com o trabalho, hoje esses números caíram para 46% e 27%, respectivamente. Porém, 38% estavam e seguem preocupados com o futuro. Para apenas 20% dentre os que responderam à entrevista, após a pandemia, o mundo vai ter mudado para melhor. Vinte e cinco por cento se sentem menos alegres do que antes.

O estudo revelou um movimento de revisão sobre o que estamos fazendo com o nosso tempo – que ganha intensidades diferentes em alguns grupos sociais. Por exemplo, as mulheres apontam um desejo maior que os homens de dedicar tempo àquilo que traz felicidade. Também foram elas que se sentiram mais esgotadas neste momento (51% das mulheres, frente a 35% dos homens).

O mergulho ocasionado pela pandemia parece ter ampliado a percepção de responsabilidade e de solidariedade dentre os entrevistados: 49% afirmaram que se sentem mais responsáveis, 46% se sentem mais conscientes e 42% mais solidários passados esses meses todos.

“Entre os entrevistados, 74% afirmam que podem colaborar para as transformações que querem ver no mundo, a questão é como essa ação vai se dar? Como transformar desejo em ação efetiva na direção dessa mudança?”, provoca Camila Holpert.

Conversas – Com todo esse conteúdo, a plataforma ainda vai ser alimentada ao longo de todo 2021 conversas com convidados para refletir sobre os dados e as entrevistas.

Quem Seremos? segue como uma plataforma aberta, em expansão, cujo principal objetivo é o convite para a auto responsabilidade na transformação das realidades individuais e coletivas.

“Estamos vivendo numa panela de pressão. No começo da quarentena, acreditamos que o túnel teria um fim rápido, em duas semanas, mas passados dez meses, o aumento dos casos em todo o mundo e a falta da sensação de segurança aumentam o estresse físico, emocional e mental. A plataforma visa ajudar o participante a reconhecer seus sentimentos e assim se organizar para lidar com a realidade que é desafiadora”, afirma Luciana Branco.

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