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O sucesso (e os insucessos) das 38 primaveras de IMPRENSA

Imprensa em si é um nome forte. Primeiro por significar o próprio jornalismo, arte e ciência de contar o que está acontecendo com os indivíduos e a sociedade. Segundo, por consenso da sociedade, passou a significar a atividade jornalística, tanto na dimensão do negócio, a indústria jornalística, como na dimensão corporativa.

Ao criar a revista, assumiu-se a vertente da metalinguagem da palavra, uma linguagem sobre outra linguagem, tendo como objetivo o olhar crítico e analítico. Como Sinval gostava de dizer “era como fazer comida para cozinheiro.”

A Revista IMPRENSA foi parida em setembro de 1987 por quatro jornalistas, Dante Matiussi, Paulo Markun, Manuel Canabarro e Sinval de Itacarambi Leão, ao perceberem a importância tanto da instituição, como para os profissionais de imprensa, após 25 anos de ditadura civil-militar no Brasil. A sede da empresa recém-fundada pelos quatro sócios, a Feeling Editorial, ficava no bairro de Perdizes, em São Paulo.

Ao surgir durante a constituinte, IMPRENSA tinha na veia a liberdade e a democracia. Assumia-se também o propósito de independência com relação às instituições estabelecidas – as acadêmicas, as corporativas (patrões e empregados) e os partidos políticos. Uma jabuticaba, como disse uma vez um jornalista gringo, coisa que só existia no Brasil.

A primeira edição de IMPRENSA estreou com a entrevista do Otavio Frias Filho, condutor de uma revolução pelo projeto Folha de São Paulo, e foi contextualizada através uma pesquisa sobre a confiança da sociedade nos jornalistas, estampando “Perdemos a credibilidade”. A tiragem de dez mil exemplares, em papel jornal, teve uma repercussão impressionante no meio jornalístico e também na sociedade, com distribuição gratuita nas redações e em banca.

A missão do título, que tinha como o objeto editorial a própria produção e a profissão do jornalista, nunca foi só informativa. Desde seus primórdios, também tinha propósito formativo, envolvendo em cada edição os aspectos profissionais, éticos e morais.

Ainda em 1987, foi feito o primeiro evento, um fórum sobre a informatização das redações, patrocinado pela Secretaria de Tecnologia do Governo de São Paulo, com a presença de um conferencista internacional do Vale do Silício.

Como é de praxe, todas as publicações começam pelo ano 1 e assim contamos os anos sempre com 1 a mais, a cada primavera. IMPRENSA estava prestes a entrar no seu ano 2, quando foi aclamada com dois prêmios Esso: o Prêmio Esso de Fotojornalismo – “Aids, novo tabu da imprensa”, foto publicada em fevereiro de 1988, já em papel LWC, com a imagem de um paciente terminal na seção “Ponto de Vista”, e o destaque para o primeiro caderno especial “Homenagem a Fernando Pessoa” publicado na edição de número 11.

Mas o Esso não foi seu primeiro reconhecimento, já havia recebido a Medalha de Ouro do Prêmio Colunistas, como destaque do ano. E estava pronta para seu primeiro salto, dia 20 de novembro de 1988, domingo às 20h, em horário nobre, lançou na TV Gazeta o programa semanal IMPRENSA na TV.

Assim como a capa de número 6 sobre o livro de memória de Samuel Wainer, que teve grande repercussão, a edição 19 sobre “O Crime da Rua Cuba” esgotou rapidamente, dada a polêmica da cobertura feita pela grande imprensa. A publicação já estava com 20 mil exemplares, começou-se então o processo de substituição do mailing dirigido para a venda de assinaturas, com grande desconto, para criar uma carteira de assinantes pagos.

Antes de completar o segundo ano, ocorreu o primeiro racha, com a saída dos sócios Markun e Canabarro, mas ainda mantida a direção de redação do jornalista Gabriel Priolli, presente desde o segundo número até o número 49.

Em setembro de 1989, aconteceu a primeira festa de entrega do Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo, patrocinado pelo Banespa e tendo a ABI como presidente do júri. Com uma comissão de jurados formada por jornalistas reconhecidos, teve o compromisso de priorizar a ética e o talento nacional, e principalmente, um júri mandatário eleito pelos seus pares, ano após ano. O Grande Prêmio daquela primeira edição foi para o jornalista Jaime Martins, uma unanimidade.

A figura do Líbero Badaró era o que faltava para dar concretude à defesa pela liberdade de imprensa e democracia, o DNA presente em todo o percurso da IMPRENSA. “Morre um liberal, mas não morre a liberdade.”

Em 1990, último ano do Governo Sarney, o faturamento da editora dobrou em função da publicidade e ganhou o Prêmio Marketing Best, alavancando mais um passo ousado, o SP Press Center.

Contudo, não durou muito. O governo Collor (1991/1992) acabou com a primeira expansão do projeto IMPRENSA. Antes da tomada de posse, a editora implantou o SP Press Center, um centro de imprensa na Avenida Brigadeiro Faria Lima, com “equipamento do primeiro mundo”, segundo a então ministra Dorothea Werneck. O centro foi um fracasso de utilização, pois as editoras entraram em recessão, em todas as frentes – assinatura, banca e publicidade.

A empresa Feeling Editorial que estava na Faria Lima, encontrou novo endereço no Pacaembu, na rua Livreiro Saraiva.

Os três anos seguintes foram anos de recuperação, mas com a empresa não conseguindo resolver o pagamento das dívidas em banco. Já se evidenciava que o marketing do negócio publicitário sofria alterações pela compra das agências brasileiras pelas multinacionais. Há também uma adaptação da indústria jornalística, reduzindo suas redações e gerando um novo negócio, que eram as assessorias de imprensa, formadas por jornalistas egressos das redações.

Nestes anos, IMPRENSA começou a produzir mais eventos e cadernos especiais na linha promocional e da reciclagem profissional, visando também o crescimento dos alunos nas universidades particulares de jornalismo.

Entre os vários formatos de encartes, um especial de 24 páginas sobre o censo patrocinado pela CEF, intitulado “O Brasil dos brasileiros”, um glossário de economês escrito por José Maria dos Santos ou um pôster da Copa para celebrar o Tetra em 1994. Os cadernos regionais sempre estiveram presentes e foram fonte de publicidade, começando por Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Ceará e Paraná.

Dos eventos, destaque para o I Encontro Internacional de Imprensa, Meio Ambiente e Desenvolvimento, o Imprensa Verde 92, em decorrência da Conferência da ONU no Brasil, a ECO-92. E o primeiro Seminário Internacional de Telejornalismo, no Palácio das Convenções do Anhembi, que teve sete edições subsequentes ao longo dos anos 90 e mostrou que havia campo para outros tipos de seminários.

Mais duas frentes surgiram, em 17 de setembro de 1992 foi a estreia do programa IMPRENSA no Rádio, na CBN. E em agosto de 1994, criou-se a Revista IMPRENSA Mídia, para o mercado publicitário, que era um caderno na IMPRENSA acoplado à tabela do Mapa da Mídia.

Com espaço editorial na revista carro-chefe, e finalizando o quinto ano, IMPRENSA amplia seu time de colunistas, juntam-se aos já colaboradores Moacyr Japiassu “Perdão, Leitores”, Lucas Mendes “Manhattan”, Carlos Brickmann “Torpedos de Mel”, Carlito Maia “Tempos Modernos”, Carlos Eduardo Lins da Silva “Media Watch”, Hugo Studart “Copa e Cozinha”, Josué Machado “Língua” e Washington Novaes “Sinal Verde”, outros nomes de peso: Alberto Dines, Armando Nogueira, Augusto Nunes, Guilherme Cunha Pinto, José Marques de Melo, Roberto Drummond, Valéria Sffeir e Ziraldo.

Em 1996, IMPRENSA conquista o Prêmio Esso de Melhor Contribuição à Imprensa pela matéria “Sangue Frio” sobre o caso da Escola Base, além do Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos, do Sindicato dos jornalistas de SP. O faturamento volta a crescer com os eventos, com destaque para o lançamento do Seminário Internacional de Radiojornalismo e a terceira edição do Seminário Internacional de Telejornalismo no Rio de Janeiro, com sucesso de bilheteria  e a presença de Peter Arnett (CNN), o jornalista mais conhecido da Guerra do Golfo.

Muda-se para a famosa esquina Ipiranga com avenida São João. Assina parceria com a Folha de SP, entrando na era da internet ao lançar o Imprensanet com mais de 64 mil “hits” no primeiro mês e com direito até ao email oficial – imprensa@folha.com.br.

Em abril de 1997, foi a vez do Seminário de Internacional de Jornais Diários, em Belo Horizonte, com o tema “O futuro do jornal diário”. E o primeiro fórum encomendado por um cliente, com função paradidática com relação à prática jornalística, o Fórum CEF do Habitação Social.

Ao completar o décimo ano, Matiussi sai da sociedade, Sinval de Itacarambi Leão funda a empresa Imprensa Editorial Ltda., uma empresa mais compacta, que tem como principais veículos a revista IMPRENSA e o programa IMPRENSA na TV, que passou pelos principais canais da época: Record, SBT, Canal 21, TV Gazeta, e teve como apresentadores nomes como Carlos Nascimento, Marco Antônio Rocha, Astrid Fontenelle, entre outros, volta ao canal 21 da Rede Bandeirantes.

Agora como único editor e diretor, Sinval assina o editorial de aniversário que traz os principais acontecimentos políticos e econômicos destes dez anos e anuncia o futuro promissor.

Acompanhe a linha do tempo.

Década de 1980

1987:

Criação da Revista IMPRENSA em setembro de 1987

Realização do Fórum sobre a Informatização das Redações

Criação do Caderno de Mídia dentro da publicação a partir da ed.7

1988:

Ganha a Medalha de Ouro do Prêmio Colunistas

I Simpósio Latino Americano de Circulação de Jornais

Caderno Especial “Homenagem a Fernando Pessoa”

Lançamento n TV Gazeta do programa IMPRENSA na TV

Recebe dois prêmios Esso, um de fotojornalismo e outro como destaque do caderno “Homenagem a Fernando Pessoa” publicado na edição 11

1989:

Alcança a tiragem de 20 mil exemplares/mês

Realização da 1a. Edição do Prêmio Líbero Badaró de Jornalismo

Glossário das Redações, assinado pelo jornalista José Maria dos Santos

Primeiro Caderno Regional (Minas Gerais)

 

Seminário Jornalismo & Marketing e Caderno Especial “O negócio da comunicação”, patrocinado pelo BNDES e realizado na ESPM

IMPRENSA na TV passa para TV Record com Carlos Nascimento

Década de 1990

1990:

Caderno Regional POA/RS

Estreia da coluna “Manhathan” de Lucas Mendes ed.33

Estreia da coluna “Torpedos de Mel” de Carlos Brickmann ed. 38

1991:

Projeto educativo Jornalistas do Futuro em parceria com a Editora Abril

Primeira capa de IMPRENSA com dois jornalista negros, Bernard Shaw da CNN e Glória Maria da Globo

Filiação à ANER

Muda-se para Av. Brigadeiro Faria Lima na sede do SP Press Center

1992:

Imprensa Verde 92, o encontro internacional de imprensa, meio ambiente e desenvolvimento, por conta da Eco-92 no Rio de Janeiro

Capa polêmica na edição 61, do Roberto Marinho com a faixa presidencial

Lançamento de IMPRENSA no Rádio na CBN

1993:

Três cadernos especiais em uma única edição: os 170 anos da imprensa paulista,  Imprensa Interior de SP e 60 anos da agência Ogilvy & Mather

1994:

Realiza o I Seminário Internacional de Telejornalismo em SP

Cria a revista IMPRENSA MÍDIA para o mercado publicitário

II Prêmio Libero Badaró de Jornalismo

Expansão de colunistas

1995:

Realiza o II Seminário Internacional de Telejornalismo

III Prêmio Libero Badaró de Jornalismo

A edição 91 com a chamada “Venha para a Internet” esgota em banca

1996:

Lançamento da Imprensanet com mais de 64 mil “hits” no primeiro mês, em parceria com a Folha de SP

I Seminário Internacional de Radiojornalismo em São Paulo

Sucesso de bilheteria, acontece o III Seminário Internacional de Telejornalismo no Rio de Janeiro com mais de 600 inscritos

Conquista o Prêmio ESSO de Melhor Contribuição à Imprensa pela matéria “Sangue Frio” sobre o caso da Escola Base, além do Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos, pelo Sindicato dos jornalistas de SP

1997:

I Seminário de Internacional de Jornais Diários em Belo Horizonte – O futuro do jornal diário (abril)

Colunista Eduardo Ribeiro assume a seção permanente “Misto Quente”, pout-pourri de notinhas sobre as redações, na edição 116

II Seminário Internacional de Radiojornalismo em Porto Alegre (junho)

V Prêmio Libero Badaró de Jornalismo, patrocinado pelo Sebrae

IV Seminário Internacional de Telejornalismo em Salvador (outubro)

I Seminário Internacional de Jornalismo de Revistas em São Paulo (novembro)

Capas passam a ter barcode


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