Disney x Netflix: especialista aponta estratégias de produto que a companhia do Mickey usou para conquistar o mercado de streamings.
Pela primeira vez o streaming do Grupo Walt Disney – Disney+, Hulu e ESPN – ultrapassou a Netflix em números de assinantes, são 221 milhões versus 220 milhões. O que torna a companhia do Mickey o mais novo líder do mercado.
O especialista de mercado Marcell Almeida, CEO e co-fundador da PM3, escola referência na educação de produtos digitais, analisa a estratégia das duas marcas e o crescimento do Grupo Disney.
“É possível analisar que a Netflix é o streaming com menor churn de todos, ainda que sua base de usuários seja muito mais fiel, seja por gostar do serviço ou ter um hábito maior de uso da plataforma. Mesmo assim, o growth rate começou a estagnar, dado que agora as pessoas têm mais streamings disponíveis para escolher. É justamente nesta taxa de crescimento que está um dos maiores problemas da empresa”, explica Almeida.
Ainda segundo avaliação do executivo, a Netflix já confirmou que irá rodar testes de planos que tenham anúncios e em tese isso pode trazer mais receita para a companhia. “É exatamente por isso que existe toda uma estratégia de conceder uma assinatura mais barata, desde que se inclua ads. Pra mim esse é um movimento claro que a empresa deve fazer para rodar experimentos e ver se o Unit Economics de uma versão com anúncios para em pé.
Além disso, outro ponto é: por que a Netflix ainda não colocou suas produções no cinema? O filme Top Gun, por exemplo, produzido pelo concorrente Paramount, teve um custo de produção de US$ 170 milhões e um retorno de mais de 7x, apenas com a receita dos cinemas, um modelo de negócio com maior distribuição.
“No passado poderíamos considerar que os filmes irem direto para o streaming seria um diferencial, principalmente quando o Netflix estava jogando praticamente sozinho. Porém hoje é possível ver que a plataforma lança uma gama de filmes e sem conseguir monetizá-los isoladamente. Em 2021, a empresa viveu uma clara aceleração de produções cinematográficas, mas sem um plano de distribuição, o que diz muito sobre a estratégia da empresa e acho que nesse ponto podem estar perdendo a mão na quantidade versus qualidade”, avalia.
O executivo ainda avalia outra alternativa para potencializar a estratégia de produto da Netflix, que poderia produzir pelo menos um ou dois blockbusters para experimentar o cinema e ver como isso pode ajudar a receita a continuar crescendo. “Quando a concorrência começa a ficar parecida com você é necessário repensar seus planos e segundo análise do próprio mercado é possível observar que 8% dos gastos da Netflix estão em pesquisa e desenvolvimento (R&D) – um número bem alto para a empresa”, pondera Marcell.
Se quiser saber mais sobre a visão do executivo e como o trabalho de product management apoia as estratégias de negócios inovadores, coloco o Marcell Almeida à disposição para entrevistas e demais dúvidas.