Ser mulher é um ato de resistência. Agressões físicas, verbais ou emocionais, ou episódios de assédio no trabalho, no transporte público ou dentro de casa são apenas alguns exemplos de violências que a maioria das mulheres sofrem na vida, motivadas pela simples definição de seu gênero. A luta por igualdade de direitos entre homens e mulheres é um dos temas centrais da nossa sociedade e é fundamental refletir e discutir a condição da mulher e a violência de gênero, temas que inspiram o curta-metragem brasileiro “O Remorso”.
Obra de estreia da diretora Mariana Cobra, da YOURMAMA, o filme é baseado no romance “O Remorso de Baltazar Serapião”, que rendeu o Prêmio Literário José Saramago ao escritor português Valter Hugo Mãe, em 2007. No livro, a história é narrada em primeira pessoa pelo personagem Baltazar Serapião, que, motivado por um ciúme doentio estimulado pela sociedade machista em que vivia, passa a mutilar e a desfigurar sua esposa Ermesinda, para que ela pertença apenas a ele e a mais ninguém. No curta, Ermesinda, interpretada pela bailarina e performer Patrícia Bergantin, assume o papel de protagonista e expressa, através da dança, um angustiante conflito entre amor e submissão. Outro destaque do filme é o figurino, concebido pela diretora de arte e figurinista Heloísa Cobra após workshops com mulheres. “Em uma das peças de vestuário, uma saia, bordamos à mão os nomes de diversas mulheres, como um símbolo das dores e das histórias de muitas de nós”, conta Heloisa que idealizou o projeto, inspirada também pelo trabalho de Bispo do Rosário.
Em 2015 “O Remorso” foi exibido no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo e também no festival Strange Beauty Film Festival (EUA) e participou das seleções oficiais do Los Angeles Independent Film Awards (EUA), do SISAK Film Festival (Croácia) e do Mongolia International Film Festival (Mongólia). Neste ano, o curta integrou a exposição CAOSARTE, no Memorial da América Latina (SP), foi selecionado para a edição bienal da revista CINEWOMEN, que promove o trabalho de cineastas mulheres do mundo todo, colaborou com uma iniciativa de SEOUL chamada “Feminism Video Activist Biennale 2016”, vai participar do 32th International Short Film Festival de Berlim e também foi um dos selecionados para a Competição Internacional de Vídeo-Dança da 8ª edição do Festival InShadow 2016.