Nos últimos anos, tem havido um aumento no número de plataformas digitais que oferecem conteúdo audiovisual, como filmes e séries de TV. Esse crescimento tem sido impulsionado por avanços tecnológicos que permitem a distribuição de conteúdo de alta qualidade pela internet e por mudanças no comportamento do consumidor.
A pandemia de Covid 19 impactou profundamente esse mercado, os cinemas fecharam e o streaming disparou. Quase todos os distribuidores de filmes decidiram investir em suas próprias plataformas, caminho aberto pela Netflix.
A maioria dos produtores dos chamados filmes locais foram obrigados a se associar com as plataformas digitais, vendendo seus produtos já prontos, ou buscando coproduções para seus novos projetos.
Além disso, a tecnologia de exibição cinematográfica também está evoluindo rapidamente, com o surgimento de novos formatos e tecnologias de projeção, com experiências imersivas que oferecem uma dimensão extra de realismo e interatividade.
O curso de Cinema do Centro Universitário FAAP aposta em oferecer aos seus alunos disciplinas como Distribuição e Exibição que enfoca a difusão dos filmes no cinema e nas plataformas digitais, e Mecanismos de Financiamentos que discute as leis de incentivos e linhas de financiamentos para todas as janelas de exibição. Garantindo que os estudantes estejam prontos para a nova realidade do mercado de trabalho.
Segundo o coordenador do curso da FAAP, Humberto Neiva, a primeira janela de exibição audiovisual não deve temer as plataformas digitais, e sim pensar como um aliado, onde a possibilidade de exploração do produto artístico se estende e possibilita mais visibilidade do nosso cinema. ”A exibição dos filmes em diversos formatos e experiências diversificadas proporcionará um aumento gradativo das produções brasileiras. Fortalecendo o mercado e o tornando cada vez mais plural”.
As plataformas digitais oferecem uma ampla variedade de conteúdos que não são exibidos nos cinemas, e permitem que os consumidores assistam em casa. Há também a questão da exclusividade de conteúdo, com produções originais exclusivas, obrigando que o consumidor seja assinante para ter acesso.
Essas mudanças nos meios de exibição estão transformando o mercado, oferecendo aos consumidores mais opções. E a evolução da tecnologia de exibição cinematográfica, traz ainda mais possibilidades para o futuro.
Com o mercado digital cada vez mais acirrado, inclusive com a Netflix perdendo assinaturas, conquistar espectadores tornou-se uma missão importante para as plataformas. Os consumidores de streaming aprenderam a gostar da flexibilidade de poder ver o que eu quiser e em qualquer dispositivo.
Números
As plataformas de streaming da Paramount atingiram 77 milhões de assinantes no mundo no último trimestre de 2022. Só a Paramount+ ganhou 10 milhões de clientes neste período, ampliando a sua base para 56 milhões.
As receitas do setor de streaming da empresa cresceram 30% em relação ao mesmo período do ano anterior, chegando a US$ 1,4 bilhão. Contudo, o alto investimento em conteúdo fez com que as perdas de operação se ampliassem para US$ 575 milhões, em comparação com os US$ 502 milhões de 2021.
A Paramount é mais um dos diversos estúdios de Hollywood, que anunciaram reestruturações internas para acelerar o desempenho de suas plataformas em meio à competição crescente.
Uma pesquisa conduzida pela NZN Intelligence, com a participação de 1,8 mil pessoas, revelou que 84% dos consumidores de streaming assinam duas ou mais plataformas no Brasil. Desse total, 50% se comprometem tanto com serviços de vídeo quanto de áudio, já 44% focam apenas nas opções de vídeos.
Mas, independente do tipo de conteúdo, o levantamento aponta que a maior parte dos assinantes multiplataformas (36,7%) é composta por pessoas que assinam quatro ou mais serviços. Em seguida, na lista, vem quem opta por três plataformas (25,2%) e duas (22,8%). Somente 15,3% dos participantes assinam um único serviço.
Especialistas dizem que o crescimento do streaming foi acelerado pela pandemia, mas que, mais cedo ou mais tarde, ele já aconteceria.
O streaming e a nova forma de consumir vídeos não devem ser interpretados como uma ameaça para o audiovisual. Essa realidade veio para ampliar o potencial desse setor, expandindo cultura e informação, inovando em criatividade e inclusão, e gerando empregos.