As principais entidades do audiovisual brasileiro lançam a cartilha “Pacto de Responsabilidade Antiassédio Sexual no Setor do Audiovisual”, documento feito em regime colaborativo que inclui um leque de informações, recomendações de procedimentos ante comportamentos abusivos e boas práticas em casos de ocorrências no ambiente de trabalho e adjacências.
A cartilha é fruto dos esforços de um grupo de trabalho surgido a partir da provocação ao setor feita por Antônia Pellegrino (escritora, roteirista e cofundadora do blog da Folha de SP “Agora é Que São Elas”) e sob liderança da APRO – Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais, quando entidades representativas das empresas e dos trabalhadores do segmento se uniram em torno de um Pacto de Responsabilidade Antiassédio no Setor Audiovisual. O objetivo agora é o desenvolvimento de uma série de ações visando orientar e prevenir esse tipo de atitude dentro das produtoras e nos sets de filmagem.
A elaboração da cartilha contou com a participação dos produtores e de um grupo de advogados especialistas em Direito do Entretenimento. Para propagar a cartilha e conscientizar o setor, será apresentada em breve ao mercado uma campanha em desenvolvimento pela agência F/Nazca Saatchi & Saatchi.
Participaram da formatação da cartilha as entidades do audiovisual APRO (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais), BRAVI (Brasil Audiovisual Independente), SIAESP (Sindicato das Indústrias Audiovisual do Estado de S. Paulo), SICAV (Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual), SINDCINE (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual dos Estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Distrito Federal), SATED -SP (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Estado de São Paulo), além de representantes das principais lideranças do mercado e de produtoras.
Outras entidades tomaram contato com o material e também aderiram ao conteúdo, num esforço de torná-lo cada vez mais representativo de todos os profissionais envolvidos na cadeia produtiva do setor. São elas: ABRACI (Associação Brasileira de Cineastas), ABRAGAMES (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos), ABRAMINA (Associação Brasileira de Empresas Produtoras de Animação), APACI (Associação Paulista de Cineastas), APROSOM (Associação Brasileira das Produtoras de Som), CONNE (Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte e Nordeste) e STIC (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Estado de São Paulo). A cartilha está disponível para download em http://www.apro.org.br/apro-docs.
De acordo com Paulo Roberto Schmidt, presidente da APRO, o Pacto e a Cartilha “são as respostas imediatas de um segmento que também olha para dentro de si e que está atento às demandas da sociedade, em busca de soluções e, de acordo com sua vocação, sempre seguindo as melhores práticas”. Para ele, o objetivo primordial da cartilha é a orientação e prevenção dos casos no ambiente profissional.
João Daniel Tikhomiroff, presidente do SIAESP, destaca a importância da indústria estar presente em iniciativas como essa: “O audiovisual tem grande relevância dentro da economia e é indiscutível seu peso no cenário cultural. Não deixa de ser um marco que o setor contribua nesse movimento, num estímulo para que outros segmentos de mercado também promovam ações que informem e conscientizem sobre o grave problema do assédio”.
O presidente do SICAV, Leonardo Edde, reforça a necessidade de união entre todos: “A palavra pacto já é, por si só, um compromisso de mudança. Assinar um pacto entre vários segmentos do setor demonstra a união em torno de um assunto premente, global, e que envolve direitos fundamentais do ser humano. Este é um pacto pela mudança da Cultura, não só dos profissionais do audiovisual, mas de todos no nosso entorno”.
Para Mauro Garcia, presidente Executivo da BRAVI, é importante quebrar esse tabu: “A cartilha do Pacto Antiassédio Sexual no setor audiovisual é uma iniciativa do setor se unindo em torno de um tema tão relevante para a sociedade contemporânea brasileira. Entidades, sindicatos, empresas produtoras e realizadores empenhados em um assunto que até há alguns anos ainda era tabu ou silenciado. A cartilha tem a função de orientação a todos os profissionais do setor e é mais que esperada”.
A cartilha é publicada na esteira de movimentos como o Time’s Up dos EUA e o brasileiro Mexeu com Uma, Mexeu com Todas (#chegadeassédio). A inspiração vem do documento publicado em Janeiro de 2018 pelo PGA – Producers Guild of America.