O Censo de Diversidade das Agências Brasileiras, cuja edição relativa a 2024 foi divulgada pelo Observatório da Diversidade na Propaganda (ODP) na última semana, mostra um aumento na participação das mulheres nas agências, mas também indica que o setor ainda precisa avançar para ter equipes mais diversas, destacadamente no que se refere à participação de mulheres negras e pessoas com deficiência (PCDs).
É com o objetivo de ajudar a triplicar o número de agências que participam do censo e ampliar o engajamento do setor com o tema da diversidade que o Sinapro-SP (Sindicato das agências de Propaganda do Estado de São Paulo) estabeleceu parceria com o ODP, e trabalhará nesta pauta para que o censo de 2025 apresente uma evolução comparativamente ao verificado este ano.
“Ainda temos um grande desafio de ampliar a diversidade nas agências, o que se reflete no número de empresas que aderem ao censo, na participação de mulheres negras e pessoas com deficiência, e nos dados sobre identidade de gênero e raça”, destaca Patricia Alexandre, diretora-executiva do Sinapro-SP.
Esta edição da pesquisa, feita em parceria com a Gestão Kairós, contou com a participação de 33 agências, que empregam 252 funcionários, e mostrou que, dos cinco indicadores do nível de diversidade, apenas o da presença feminina na liderança das agências melhorou. A participação de mulheres negras, que era de 21% no censo anterior, caiu para 17%. Em relação a pessoas com deficiência (PCDs), apenas 1% se enquadra nesta categoria, enquanto os profissionais com mais de 50 anos representam apenas 6% dos funcionários das agências, e, em termos de identidade de gênero, 80% se identifiquem como heterossexuais; 20% como lésbicas, gays e bissexuais, e apenas 1% como transgênero e não binários.
A diretora executiva do Sinapro-SP, destaca a urgência de aumentar a participação de pessoas pretas, com deficiência e com mais de 50 anos nas equipes das agências de publicidade, além de promover a diversidade de gênero e raça. “A diversidade não é apenas uma questão social, ela é essencial para o trabalho das agências. Apenas equipes diversificadas conseguem se conectar de forma eficaz com consumidores de diferentes perfis”, explica.
Ela também chama a atenção para um aspecto preocupante da propaganda atual: muitos anunciantes ainda não desenvolvem campanhas voltadas especificamente para pessoas com deficiência ou com mais de 50 anos. “É fundamental contar com equipes diversificadas para aprofundar a compreensão de como a publicidade deve abordar a diversidade”, enfatiza Patricia, ao observar que uma maior adesão ao censo é um passo importante para trazer mais visibilidade a essa questão nas agências.
O presidente do Sinapro-SP, Roberto Tourinho, destaca que o objetivo da parceria com o ODP é ampliar o debate e as pautas sobre a diversidade e inclusão e, principalmente, a participação das agências ao censo a fim de assegurar ambientes mais democráticos e a representatividade de pessoas diversas nas agências de propaganda. “Este ano, sete agências filiadas ao Sinapro-SP participaram do Censo. A meta para 2025 é triplicar este número, chegando a 21 agências”, conta Tourinho.