O vídeo-manifesto de lançamento do projeto Modernismo 22+100, o Centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 organizado pela Prefeitura de São Paulo, reforça a valorização da cultura periférica no eixo central das reflexões e celebrações. Gravado no Theatro Municipal, o filme produzido pela LadyBird retrata uma performance protagonizada pelos artistas Hebert Gonçalves e Moara Sacchi. Inspirada nas obras “O Sacudimento da Maison des Esclaves em Gorée” e “O Sacudimento da Casa da Torre” de 2015, de Ayrson Heráclito, a produção tem o intuito de representar a renovação dos conceitos modernistas para esta celebração.
Narrado pela cantora Ellen Oléria, o texto do filme consiste no Manifesto Modernismo 22+100, que explica os conceitos envolvidos no contexto do Centenário.“O 22 de agora abraça o Brasil inteiro”, diz um trecho, apontando para valores com menos preconceito e ignorância, e “muito mais diversidade”. A produção também anuncia outras iniciativas do projeto, como os Centros de Referência do Novo Modernismo, os Bailes Futuristas, o Banquete Antropofágico, a Marcha das Utopias e os Cortejos Modernistas. O texto da locução é de autoria de Hugo Possolo, diretor geral da Fundação Theatro Municipal, com participação do secretário de Cultura da cidade de São Paulo, Alê Youssef.
“O Manifesto 22 + 100 é uma obra potente e extremamente relevante”, afirma um dos diretores do filme, Helder Fruteira. “O DNA da concepção do projeto foi plural, acreditamos nisso enquanto produtora. Nosso filme narra sobre a purificação de espaços, ideias e conceitos. A performance dos nossos atores e bailarinos se movimenta junto com a ideia de explorar o novo”.
Produzida pelo produtor musical e baixista da banda OQuadro, Ricô Santana, a trilha traz elementos sonoros marcantes relacionados à tecnologia ancestral e com a força inventiva do funk. “São sons que se misturam a timbres, e que comunicam com nosso imaginário”, complementa o diretor.
A direção artística para a performance dos artistas foi concebida para representar a ocupação de espaços pela arte, sua força de movimento, ainda que num contexto pandêmico, como Helder complementa: “Desde o início, tínhamos em mente um filme rico em movimentos e a escolha do elenco, Hebert Gonçalves e Moara Sacchi, veio da ideia de termos performance, atuação, identidade, conexão natural e intuitiva com a proposta criativa do roteiro. Ali manifestamos a nossa mais honesta crença no poder da arte, principalmente em tempos difíceis.”
Já o diretor de cena, Henrique Sauer, conta que a inspiração nas obras de Héraclito resultou da busca pela ideia de purificação e renovação do espaço do Theatro Municipal para seguir seu rumo na História e inspirar um novo futuro. “A inspiração nas raízes que formaram a sociedade brasileira é a própria missão modernista na nossa visão em conjunto com Monique Lemos e Mari Santos, profissionais responsáveis pelo tratamento do vídeo, que compartilharam conosco a busca por essa proposta.”