A pandemia ocasionada pela Covid-19 tem deixado velhos hábitos de consumo para trás e essa tendência já está sendo refletida no mercado da moda, como as mudanças impulsionadas pelo movimento slow fashion.
Elas vão desde o desapego ao escolher peças que devem ser descartadas do guarda-roupa – o que ensina as pessoas a valorizarem mais o que é essencial – até a compra em brechós, estimulada pela economia circular e com presença ainda mais fortalecida no ambiente digital.
De acordo com o relatório BrandZ Global 2020, da Kantar, 84% dos consumidores em todo o mundo dizem que estão procurando comprar de marcas que apoiam causas pelas quais elas se identificam e 93% afirmam que buscar confiança e transparência é importante. Com isso, marcas começaram a se preocupar mais com o meio ambiente, com boas práticas de gestão e a acompanhar esses novos comportamentos de consumo. No entanto, esse caminho ainda parece longo.
“Na moda, os principais fatores de decisão de compra tendem a ser preço, disponibilidade ou conveniência, qualidade e estilo”, afirma Valkiria Garré, CEO de Insights na Kantar Brasil. “Muitas das principais marcas oferecem todos esses itens, mas a maioria está apenas nos primeiros passos em sua jornada para ser mais ecologicamente correta. Outros fatores, como impacto nas comunidades, comércio local, transporte e condições de trabalho ainda estão no fundo do funil de prioridade”.
Ainda que a passos lentos, a moda sustentável já apresenta sinais de tendência para o varejo pós-pandemia. No Brasil, a Renner, que esse ano aparece na oitava posição no ranking BrandZ Brasil, com crescimento de 19% em valor de marca, anunciou parceria com um site brechó, o Repassa, para que os clientes possam vender as roupas que não usam mais, estimulando, assim, o consumo consciente. Os consumidores que venderem peças escolhem se querem sacar o dinheiro, doar ou fazer nova compra.
Em âmbito global, a gigante do fast fashion H&M apresentou uma máquina que recicla roupas usadas e as transforma em peças novas, localizada em uma de suas unidades de Estocolmo, na Suécia. O objetivo da marca é reforçar o princípio de circulação das roupas, mostrando que uma peça deixada de lado no armário pode ser transformada em algo novo e que pode ser usada outras vezes. Para utilizar a máquina de reciclagem de roupas, a H&M cobrará entre 10 e 15 euros. O valor arrecadado servirá para continuar com as pesquisas de uso sustentável das roupas produzidas pela H&M.
- Como uma marca pode ser mais sustentável?
Diante das mudanças de comportamento que os consumidores têm apresentado, a Kantar destaca algumas dicas para as marcas que estão iniciando ações de sustentabilidade e querem se engajar com boas práticas de consumo:
- Incentive as compras repetidas
As pessoas têm uma necessidade fundamental por roupas. Sendo assim, incentive os consumidores a fazerem a reposição sustentável de produtos e recompense-os por isso.
- Ofereça serviços
À medida que o consumo muda, as marcas não podem oferecer apenas produtos, mas também serviços e experiências que envolvam esses itens. Aproveite e ofereça opções que integre a sustentabilidade em suas ofertas de serviços.
- Dê visibilidade a suas ações
Os clientes estão cada vez mais interessados em produtos sustentáveis. Com isso, torne mais acessível e visível as ações que estão sendo realizadas para que eles as encontrem e associem sua marca à sustentabilidade.