A inflação ainda pesa no bolso dos consumidores, que pretendem adiar compras mais caras para priorizar itens essenciais, experiências e serviços. Além disso, eles estão mais propensos a negociar preços, pedir descontos, analisar condições de pagamentos, substituir marcas famosas por similares, ou mesmo as tradicionais marcas próprias oferecidas pelos varejistas alimentares. Outro dado é que as compras em supermercados estão em alta, com os clientes estimando gastar 15% a mais nos supermercados em 2023, e prevendo que 75% das compras mensais serão feitas em lojas físicas. A preocupação com os preços é a prioridade, com 36% dos consumidores pretendendo visitar vários estabelecimentos e comparar preços pela internet para conseguir as melhores ofertas. Essas são algumas das conclusões da pesquisa “KPMG Consumer Pulse Survey”, conduzida em março de 2023 com 1.000 respondentes dos Estados Unidos para entender como seus hábitos de compra e de compras estão mudando e avaliar as intenções de compras nos próximos anos.
“O comportamento dos consumidores será moldado este ano por condições econômicas, especialmente a inflação. Muitos dos comportamentos que observamos nos consumidores norte-americanos, também vemos por aqui. Clientes continuarão priorizando compras essenciais, sem abandonar produtos de bem-estar e itens não essenciais, as chamadas pequenas indulgências. A tendência de diminuir gastos não pode ser confundida com uma suspensão do consumo, pois viagens, eventos e serviços devem continuar em alta. O que pode cair, enquanto estivermos enfrentando um cenário de juros altos e restrição ao crédito, são as compras que exigem financiamento, principalmente imóveis, veículos e bens duráveis.”, afirma Fernando Gambôa, sócio-líder de Consumo e Varejo da KPMG no Brasil e na América do Sul.
A pesquisa da KPMG destacou também que os consumidores americanos têm ido menos ao shopping center, indicando que despesas discricionárias serão reduzidas. Curiosamente, porém, os valores médios das despesas aumentaram, exceto entre os millenials e os consumidores da Geração Z. No Brasil, em uma tendência oposta à que vemos nos Estados Unidos, as visitas aos shoppings seguem em alta, inclusive com aumento de frequência e lançamento de novos empreendimentos em todo o território nacional. Segundo a pesquisa, aspectos ESG ganham força também, com mais de 35% dos consumidores relatando que a sustentabilidade ambiental é importante para a decisão de compra, e um em cada três dizendo que a responsabilidade social da empresa é importante.
Sobre meios de pagamento, os clientes estão mais confortáveis com carteiras digitais no telefone celular. Os smartphones representam a forma preferida de pagamento para aproximadamente 45% dos americanos nas compras presenciais. Apesar de a maioria ainda preferir cartão de débito, cartão de crédito e dinheiro, os smartphones já são uma importante opção considerando que mais de dois terços da Geração Z optam por esse método. Esse é mais um ponto onde a realidade do Brasil é diferente da americana, pois, com o aumento considerável na utilização do Pix, este é atualmente o meio de pagamento mais usado pelos brasileiros. Nos últimos dois anos foram feitas 26 bilhões de transações por essa ferramenta de pagamento instantâneo, movimentando R$ 12,9 trilhões.