Ajudar a capacitar as agências de propaganda com as melhores práticas na gestão das pessoas é o objetivo da terceira edição do paper FENAPRO TRANSFORMA. O documento é uma publicação do Ecossistema Sinapro/Fenapro, e foi elaborado a partir da constatação da pesquisa VanPro de que o tema está posicionado abaixo de outras prioridades das agências.
“A pesquisa VanPro mostra que há boas oportunidades para melhorar os resultados das agências com o desenvolvimento de práticas e políticas de recursos humanos. Especialmente com os grandes avanços tecnológicos que teremos no futuro próximo e no médio prazo, potencializar as pessoas se faz ainda mais importante para gerar resultados distintivos para as agências”, conta Fernando Augusto Braga e Silva, da Delta Consulting, responsável pela curadoria do conteúdo do paper. “Por isso, montamos o paper e um workshop com ferramentas e recomendações práticas que ajudarão as agências a melhorarem a gestão das pessoas e gerar transformações nos seus resultados de negócio.”
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A pesquisa da VanPro mostrou que as agências têm maior adesão a práticas mais consolidadas e tradicionais, priorizando aquelas relativas à empresa, como o planejamento estratégico (62%), o planejamento orçamentário (61%) e o acompanhamento de indicadores / KPI (24%). Já as que tratam da gestão de recursos humanos estão em segundo grau de prioridade, como feedback gerencial (44%), avaliação de desempenho (31%) e programa de remuneração variável (26%).
O descompasso é ainda maior em relação a iniciativas estruturadas de desenvolvimento, posicionadas em terceiro lugar entre as prioridades. Este item abrange os programas de desenvolvimento gerencial e de liderança (23%), os planos de desenvolvimento individual (20%) e os programas de mentoria interna (14%). Já as práticas mais ousadas como a gestão ágil (18%), OKRs (15%) e avaliações 360º (9%) aparecem na penúltima posição. Em último lugar, foram citadas as práticas relacionadas à inovação, como design sprint (6%), colegiados de inovação (4%) e hackathons (1%).
“Vemos que as agências precisam avançar em práticas de gestão que vão além daquelas tradicionais, principalmente se quiserem ter políticas inovadoras alinhadas às atuais demandas do mercado de trabalho”, observa Fernando Augusto.
Com o objetivo de melhorar este cenário, o paper do Ecossistema Sinapro/Fenapro trata de vários aspectos que os gestores de recursos das agências devem observar. Entre eles, como desenhar a equipe necessária, definir o organograma e a distribuição de responsabilidades e como realizar um processo seletivo focando as habilidades e os atributos necessários ao cargo. “As agências que não possuem um profissional de RH precisam entender que seu patrimônio são as pessoas, e que é preciso ter alguém dedicado a essa função, e não apenas um departamento pessoal, e tampouco atribuir essa responsabilidade a profissional sem a formação adequada. Estes são requisitos para se garantir melhores resultados”, diz Patricia Alexandre, diretora executiva do SinaproSP e integrante do GT da Fenapro.
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Atração e retenção de talentos
O paper também faz recomendações para a retenção e atração de talentos, indo além das ofertas relativas à remuneração (fixa e variável), aos espaços de trabalho, benefícios financeiros e subsídios diversos. O documento destaca a importância de uma gestão integrada que aborde diferentes dimensões, e não apenas a oferta material.
“Oferecer oportunidades de crescimento e desenvolvimento e promover a percepção de que o profissional faz parte de uma comunidade, de algo maior, é uma das iniciativas que ajudam a reter os talentos”, ressalta a executiva do Sinapro-SP. “Ter uma empresa com propósito e uma cultura que valorize as pessoas como indivíduos, cuja premissa seja a de que qualquer grande resultado é coletivo, são também pontos fundamentais na gestão dos recursos humanos.”
O paper Fenapro Transforma também aborda as políticas de remuneração fixa e variável, os papéis do trabalho presencial e remoto, os modelos de avaliação de desempenho, a construção de planos de desenvolvimento individual (pdi), as recomendações sobre como definir as ações de treinamento, o desenvolvimento de lideranças, bem como desenvolver uma cultura que favoreça a motivação.
Diversidade
Tema que está no centro das atenções da sociedade e das agências, as políticas de diversidade também ganharam destaque no documento.
“Promover a diversidade em suas diversas facetas (etnia, identificação de gênero, etária, orientação sexual, origem geográfica, trajetória socioeconômica, religião, especificidades físicas e mentais etc.), pode trazer diversos benefícios às agências. Pesquisas demonstram que a diversidade não só enriquece o ambiente de trabalho, mas também impulsiona os negócios, gerando resultados superiores e mais inovadores”, observa Patrícia Alexandre.
Para avançar nesta área, o paper destaca a importância de conscientizar as equipes por meio de palestras e treinamentos, além de criar um espaço seguro para discutir o tema e suas aplicações no dia a dia. O documento também traz recomendações sobre como ajustar o processo seletivo para reduzir vieses, mensurar aspectos que evidenciam a diversidade na cultura da empresa, incluindo a participação em cargos gerenciais, e a garantir práticas adequadas entre as equipes, entre outras ações.
Burnout
No momento que cada vez mais profissionais e gestores relatam episódios de burnout, sejam pessoais ou com pares e equipes, o documento busca contribuir com uma análise das circunstâncias individuais e pessoais, do contexto e empresariais, além das questões sociais e culturais, que podem levar à ocorrência deste distúrbio emocional. Segundo aponta o documento, a forma pessoal de lidar com pressões, problemas, desafios e demandas excessivas pode impactar nessas situações.
“A cultura empresarial pode contribuir para o burnout se ela for mais autoritária ou individualista, pois esses aspectos influenciam as pessoas a aceitarem desafios e demandas que não podem cumprir. Outros fatores são o contexto sociocultural de imediatismo nas comunicações e na resolução de qualquer coisa, a comparação com vidas que parecem maravilhosas nas redes sociais pessoais e profissionais, a pressa excessiva por crescimento”, observa João Daniel Vale, diretor da Fenapro, ao ressaltar a importância da atuação das lideranças para lidar com essas situações.
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Entre as recomendações do paper, incluem-se equipar os profissionais com práticas e ferramentas que permitam lidar melhor com suas atividades; direcionar as pessoas para atuarem em demandas e desafios compatíveis com suas competências e com seu potencial próximo, promover a troca de experiências e a discussão sobre como as pessoas estão lidando com o contexto amplo, bem como oferecer possibilidades de mentoria e implantar planos de ação. João Daniel observa que “essas recomendações devem ser aplicadas não apenas aos times, mas também às lideranças, que muitas vezes se sentem-isoladas em sua posição, sendo importante estabelecer um debate e a troca de conhecimento.
Colocando as ações em prática
O presidente da Fenapro observa que o paper busca dar uma visão ampla sobre esses temas, com recomendações sobre as melhores práticas, e a partir daí cabe às agências avaliarem como colocar essas sugestões em prática.
“Um caminho é entender quais são suas maiores carências e demandas e aplicar as ferramentas e recomendações dos capítulos específicos, fazendo as devidas adaptações ao seu contexto. Outra possibilidade é avaliar e analisar cada um dos temas tratados”, recomenda Daniel Queiroz, presidente da Fenapro. “Seja como for, o fundamental é mapear o que pode ser desenvolvido já a partir da próxima semana ou dentro dos próximos seis meses, para se obter avanços e ganhos rápidos, energizando o processo”, completa.
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O paper Fenapro Transforma será disponibilizado para assinantes da plataforma ConectaPro e para as agências associadas ao Ecossistema Sinapro/Fenapro. Este é o terceiro documento da série “Fenapro Transforma”, iniciada em 2021 para abordar as profundas transformações do setor de publicidade e seu impacto sobre as agências. Seu conteúdo foi estruturado a partir da parceria do Ecossistema Sinapro/Fenapro e da Delta Consulting.
Para apresentar ao mercado o conteúdo do novo paper, será realizado um “Road Show” em seis capitais brasileiras entre outubro e novembro. A primeira cidade confirmada é Recife (PE), seguida por Vitória (ES), Porto Alegre (RS), Fortaleza (CE) e Rio de Janeiro (RJ). A série de eventos continuará em 2025, contemplando as demais capitais e SINAPROs.