ESG (Social, Sustentabilidade e Governança) é pauta das agências de propaganda, sim! E muito além de mero discurso, obrigação legal ou gerar relatórios de sustentabilidade, ESG tem que estar conectada ao propósito da marca e, quando trabalhada de maneira estratégica e assertiva na comunicação, reverte em reputação e em resultado financeiro. Essa foi a conclusão do debate sobre o tema entre as lideranças do mercado publicitário gaúcho no Frente a Frente, principal fórum do setor promovido pelo Sistema Nacional das Agências de Propaganda do Rio Grande do Sul (Sinapro-RS), na quinta-feira (03/04). Realizado na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em Porto Alegre, o encontro colocou ‘frente a frente’ as lideranças da indústria criativa gaúcha para debater o tema “ESG não é um selo, é uma história”.
O evento teve mediação do presidente do Sinapro-RS, Juliano Brenner Hennemann, que abriu os trabalhos com a apresentação da nova diretoria para a gestão 2025/2027, fez um overview das ações recentes realizadas pela entidade e, em seguida, passou a palavra aos painelistas convidados. Os pilares Ambiental, Social e Governança foram debatidos sob a perspectiva e o olhar das agências de propaganda por Marcelo Aimi, head de branding da Conjunto (de Porto Alegre), Suani Campagnollo, diretora da Batuca (de Bento Gonçalves) e Fábio Henckel, sócio e diretor de criação da SPR (de Novo Hamburgo).
Marcelo Aimi iniciou o debate enfatizando que marcas devem ser o espelho do seu tempo e que marcas fortes hoje estão alinhadas com os conceitos de ESG porque entenderam que, além de reputação e conexão com os seus públicos, isso gera resultado financeiro. “Marcas que se posicionaram como progressistas aumentaram o valor de bolsa, como é o caso da Natura”, exemplificou, citando também cases desenvolvidos pela Conjunto com a perspectiva de ESG.
Suani Campagnollo deu continuidade ao tema destacando que ESG, hoje, é mais do que lucro. “ESG não é sobre fazer relatórios, eles são apenas uma peça. ESG é o propósito que a marca carrega, é um tema de reputação e que trabalha com o legado da marca”, defendeu, acrescentando que o papel das agências é envelopar tudo isso de maneira estratégica e assertiva. “Agência que entende ESG não cria campanha, cria confiança e estratégias alinhadas com o cliente”, apontou, exemplificando com os cases da Batuca para a Vinícola Aurora, Tramontina e Randoncorp.
Fábio Henckel fechou as explanações mostrando como a SPR pratica a descomoditização nas marcas que atende tendo uma abordagem de ESG. Ele citou como exemplos os cases da Caldeira Verde da Frasle, da WEG e do Governo do Estado do Rio Grande do Sul que demandou uma ação da agência para a Comissão Interna de Prevenção a Acidentes e Violência Escolar (Cipave). “É preciso ressignificar os dados em boas histórias e transformar esse tema, que é por vezes frio e chato, em uma história interessante e inspiradora. É sobre isso que estamos falando quando precisamos comunicar ESG”, pontuou.
Após a apresentação dos três painéis, seguiu-se uma rodada de questionamentos, com mediação do presidente do Sinapro-RS, quando as lideranças presentes no encontro puderam expor as suas principais dores e dúvidas em relação ao tema abordado e trocar ideias e experiências com os painelistas.
Na avaliação do presidente da entidade, essa edição do Frente a Frente foi muito surpreendente, pois trouxe um assunto que tem uma grande seriedade, que é o ambiental, o social e a governança. “Com perspectivas diferentes, os três painelistas trouxeram olhares que mostram como as agências estão preparadas para atender essas demandas de comunicação dos clientes, inclusive com estratégia de gestão de marca de ESG, e que essa temática tem grandes oportunidades, pois é algo realmente necessário e fundamental tanto para a reputação da marca quanto para a conexão com os públicos. E cada vez todos, demandados principalmente pelas novas gerações, vão estar mais atentos a isso. Então foi realmente um momento muito enriquecedor para os participantes”, avaliou Hennemann.
O Frente a Frente é exclusivo para agências associadas ao Sistema Sinapro/Fenapro, consolidando-se como um importante fórum para a troca de experiências, interação e discussão das boas práticas do mercado. O bate-papo entre as lideranças das empresas tem como propósito trazer insights para potencializar o negócio das agências, reforçando o compromisso do Sinapro-RS com o fomento da gestão das associadas e com o fortalecimento do mercado criativo gaúcho. O evento tem apoio da Associação Riograndense de Propaganda (ARP) e da ESPM, e patrocínio da Rádio Alegria e VEX Painéis.
“O painelista Marcelo Aimi colocou de uma forma bem veemente e forte que as empresas que trabalham com ESG e se importam com isso lucram mais. Então é importante que a gente tenha esse diálogo junto com os clientes e explique para eles que não é só parecer bonito ou ser politicamente correto, mas é fazer aquilo que realmente importa e que é verdade, e isso vai refletir nos lucros da empresa. Esse é o nosso papel como agência de propaganda: ajudar o cliente a se posicionar e comunicar as ações de ESG de maneira eficaz.”
Rodrigo Rey, sócio-diretor da Conjunto
“Acho extremamente relevante trazer essa pauta para a discussão das agências e, como foi colocado pelos painelistas, precisa quebrar alguns tabus, tratar ESG de uma forma mais natural e transformar isso em uma abordagem mais interessante para que não seja apenas uma obrigação das empresas, ou algo legislativo, mas algo realmente verdadeiro e genuíno. Esse debate é uma contribuição muito importante para o mercado publicitário e da comunicação de modo geral.”
Geferson Barths, head de conexões da Ponto Hub
“Foi uma discussão muito importante pela questão de que as agências têm que estar com o olhar para ESG, especialmente porque o cliente precisa que a gente esteja pronto para isso, para discutir com ele, para ser provocativo muitas vezes. E acho que o encontro trouxe isso. A gente conseguiu ver cases e também um pouco de uma visão ampla e que traz esse contexto da importância das agências em todo esse processo, evidenciando que ESG não é um discurso apenas, que ‘pareço que faço’; não, realmente tem que fazer. E quanto mais a agência estiver conectada à necessidade e auxiliar o cliente em comunicar o seu processo de ESG e atuar de forma prática, ela estará realmente participando não só de uma transformação no negócio do cliente, mas principalmente como modelo de sociedade que a gente acredita. Um pouco disso tudo que vi aqui quero compartilhar com os meus pares na agência.”
Ricardo Gomes, diretor de atendimento da HOC