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Autenticidade Radical: 3 Filtros para C-levels

Deixa eu te perguntar uma coisa…

Você já parou para analisar o que acontece quando um CEO posta uma foto chorando no aeroporto porque perdeu um voo importante?

Em questão de horas, milhares de comentários. Metade aplaudindo a “coragem de ser humano”. Outra metade questionando se aquilo era apropriado para um líder.

A autenticidade virou o Santo Graal do LinkedIn. Mas aqui está o problema: estamos confundindo autenticidade com exposição descontrolada.

Segundo um estudo recente da Edelman Trust Barometer, 67% dos consumidores dizem que a autenticidade da liderança é um fator decisivo na confiança da marca. Mas atenção ao detalhe crucial: autenticidade não significa transparência total.

A Harvard Business Review publicou uma análise fascinante sobre líderes que conseguiram construir conexão genuína sem comprometer sua autoridade. O segredo? Curadoria estratégica da vulnerabilidade.

A Revolução da Autenticidade Radical (E seus riscos ocultos)

Nos últimos 18 meses, testemunhamos uma revolução silenciosa no LinkedIn. O “content polished” morreu. Quem ainda posta apenas conquistas e sucessos parece desconectado, quase artificial.

Os números não mentem: posts com vulnerabilidade pessoal geram, em média, 340% mais engajamento que conteúdo puramente corporativo, segundo dados da análise que a Hootsuite fez com 2.3 milhões de posts executivos.

Mas essa revolução trouxe um efeito colateral perigoso: a confusão entre autenticidade e exposição descontrolada.

Deixa eu te mostrar a diferença com dois casos:

Caso 1: A CEO que Perdeu o Controle

Sarah (nome fictício), CEO de uma startup de saúde mental, decidiu compartilhar sua batalha contra ansiedade. Post após post, ela detalhou crises de pânico, medicamentos, sessões de terapia, brigas familiares causadas pelo estresse.

Resultado? Em 3 meses, dois investidores se retiraram. A imprensa começou a questionar sua “estabilidade emocional para liderar”. Ela perdeu o cargo.

Caso 2: O CEO que Dominou a Curadoria Estratégica

David (também nome fictício), CEO de uma empresa de logística, compartilhou como sua dislexia quase o fez desistir dos estudos. Mas conectou isso diretamente com sua obsessão por sistemas simples e claros na empresa. Mostrou como essa “fraqueza” se tornou o diferencial competitivo da organização.

Resultado? Virou case study na Harvard Business School. Empresa cresceu 280% em dois anos.

A diferença entre eles? David entendeu o Protocolo da Autenticidade Estratégica.

 

O Protocolo da Autenticidade Estratégica: Os Três Filtros Inegociáveis

Filtro 1: O Teste da Relevância ao Propósito

Pergunta-chave: Esta vulnerabilidade conecta diretamente com o que minha empresa representa?

Marc Benioff, da Salesforce, compartilha constantemente sua luta contra a desigualdade social. Não porque quer terapia pública, mas porque igualdade é um valor central da Salesforce.

Oprah Winfrey fala sobre pobreza na infância. Não para gerar pena, mas porque sua marca é sobre transformação pessoal.

Contraexemplo perigoso: Um CEO de fintech falando sobre problemas no casamento. Relevância zero. Risco reputacional máximo.

Regra de ouro: Se sua vulnerabilidade não reforça a credibilidade da sua marca, é exposição, não autenticidade.

Filtro 2: O Timing da Credibilidade

Pergunta-chave: Estou compartilhando isso de uma posição de força ou fraqueza?

Um estudo fascinante da Kellogg School of Management analisou 1.200 líderes que compartilharam falhas públicas. O timing foi o fator mais decisivo no resultado.

Líderes que compartilharam vulnerabilidades depois de superá-las mantiveram ou aumentaram a confiança. Aqueles que compartilharam durante a crise perderam credibilidade.

Exemplo poderoso: Reid Hoffman, fundador do LinkedIn, só falou sobre os “anos de deserto” da empresa depois que ela se tornou um sucesso bilionário. A luta virou lição. A fraqueza virou força.

Contraexemplo: CEOs que compartilham crises financeiras pessoais enquanto a empresa também está em crise. Timing catastrófico.

Regra temporal: Compartilhe cicatrizes, não feridas abertas.

Filtro 3: A Profundidade com Propósito

Pergunta-chave: Esta história gera insight aplicável ou apenas drama?

Amy Cuddy revolucionou nossa compreensão sobre este filtro. Em seu TED (visualizado mais de 66 milhões de vezes), ela conta sobre seu acidente de carro devastador. Mas conecta isso diretamente com sua pesquisa sobre linguagem corporal e presença.

A fórmula dela: Vulnerabilidade + Insight + Aplicabilidade = Autenticidade Estratégica

Ela não parou no trauma. Transformou trauma em sabedoria aplicável para milhões de pessoas.

Contraexemplo: Líderes que contam histórias pessoais sem conexão com aprendizado ou valor para o público. Drama sem propósito vira entretenimento barato.

Regra da transformação: Toda vulnerabilidade compartilhada deve vir acompanhada de um insight que o público possa aplicar.

 

O Framework dos Três Círculos: Onde Vulnerabilidade Vira Força

Imagine três círculos que se interceptam:

Círculo 1: O que você viveu de verdade (sua experiência autêntica) Círculo 2: O que ressoa com seu propósito profissional Círculo 3: O que agrega valor para seu público

A zona de intersecção dos três círculos é onde mora a autenticidade estratégica.

Tudo que fica fora dessa intersecção é exposição desnecessária.

Exemplo prático:

· Você passou por depressão (Círculo 1)

· Sua empresa trabalha com bem-estar corporativo (Círculo 2)

· Seus insights podem ajudar outros líderes a identificar sinais em suas equipes (Círculo 3)

Intersecção = Content gold.

 

A questão não é se você deve ser autêntico. É COMO ser autêntico de forma que construa, não destrua, sua liderança.

Porque no fim do dia, liderança é sobre inspirar confiança para gerar resultados. Vulnerabilidade sem estratégia é confessionário. Com estratégia, é superpoder.

Você já fez o teste dos três círculos na sua presença digital? Suas vulnerabilidades compartilhadas estão na intersecção da força ou espalhadas na zona de risco?

Conte comigo nessa jornada de construção de um posicionamento que seja estrategicamente poderoso.

Paulo Moreti | Gestor de Personal Branding

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