A diretoria do Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, liderada por Sergio Pompilio, tomou posse na tarde de ontem, durante solenidade em São Paulo.
Diante de lideranças do mercado publicitário, de André de Sousa Costa, Secretário Especial de Comunicação Social, José Ricardo Veiga, Secretário de Publicidade, ambos da Secom, do professor José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, e Guilherme Farid, Diretor Executivo da Fundação Procon-SP, Pompilio associou a criatividade, eficiência e competitividade da publicidade brasileiro à autorregulamentação, base a partir da qual funciona o Conar. “Não se trata de uma coincidência”, disse ele. “O Conar é a consequência de uma série de ações virtuosas adotadas há muitos anos por todos os integrantes do mercado publicitário brasileiro, a partir do entendimento de que a ética e a transparência são valores fundamentais que contribuem para o sucesso, não apenas do mercado publicitário, mas principalmente em benefício dos consumidores e da sociedade como um todo”.
Aos jornalistas, Pompilio apontou como prioridade da sua gestão seguir aparelhando o Conar para corresponder à crescente digitalização da comunicação. “Precisamos acelerar ainda mais as nossas respostas às demandas de tantas e tão rápidas inovações na publicidade. Já fazemos isso há muito tempo, mas precisamos continuar a acompanhar o mercado, como fizemos com o lançamento do Guia de Publicidade por Influenciadores Digitais, que foi muito bem acolhido, tornando-se um padrão do mercado”.
Para corresponder a este desafio, segundo Pompilio, o Conar conta com dois trunfos: a parceria dos consumidores e a interlocução com entidades de autorregulamentação de todo o mundo. “Conquistamos muita credibilidade junto aos consumidores. Temos a certeza de poder contar com eles no monitoramento das mensagens publicitárias em todos os meios de comunicação”, disse o novo presidente. Aproximadamente dois terços dos processos abertos pelo Conar têm origem em denúncias de consumidores.
No plano internacional, o Conar é membro ativo da EASA – European Advertising Standards Alliance e fundador da Conared – Autorregulación Publicitaria Latinoamericana e do ICAS – International Council for Ad Self Regulation. “Temos um intenso e produtivo diálogo com entidades-irmãs no mundo todo e somos considerados como modelos por várias delas. Esta interlocução permanente nos dá ferramentas importantes para aprimorar a ação do Conar nos meios digitais”, disse Pompilio.
Sergio Pompilio foi eleito em 5 de julho para a presidência do Conar para o mandato 2022/2024. Ele sucede a João Luiz Faria Netto, que presidiu a entidade desde 2018.
À frente de chapa única, que conta também com Eduardo Simon, Paulo Tonet Camargo e Marcelo Rech como vice-presidentes e Cristiane Camargo e Daniela Gil Rios como diretoras, Pompilio foi eleito durante reunião virtual do Conselho Superior do Conar, no qual têm assento representantes das suas entidades fundadoras e cofundadora, ABA, Abap, Abert, Aner, ANJ, Central de Outdoor e IAB Brasil.
Pompilio tem uma longa militância no Conar, tendo sido antes presidente da 2ª Câmara do Conselho de Ética e depois 1º vice-presidente da diretoria nos últimos quatro anos.
Advogado formado pela Universidade Mackenzie, é pós-graduado em direito empresarial pela PUC e em direito tributário pela USP, com MBA pela Fundação Getúlio Vargas e extensão na Crainfield School of Management na Inglaterra. Ele é vice-presidente de Relações Governamentais e Políticas Públicas da Johnson & Johnson para América Latina e possui larga experiência no mundo corporativo, tendo liderado as áreas legais, de comunicação corporativa e compliance de grandes corporações, como Avon e AstraZeneca. É presidente do Conselho Superior da ABA e do Sindicato da Indústria de Perfumaria e Artigos de Toucador no Estado de São Paulo, Sipatesp. Foi presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, Abihpec, e da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas, ABEVD.
É a seguinte a íntegra do discurso do novo presidente do Conar, ontem, durante a solenidade de posse da diretoria do Conar, no Hotel Renaissance, em São Paulo.
Publicidade no Brasil é muito justamente associada à criatividade, eficiência, competitividade e sem sombra de dúvidas, à autorregulamentação.
Não se trata de uma coincidência; é apenas a consequência de uma série de ações virtuosas adotadas há muitos anos por todos os integrantes do mercado publicitário brasileiro, a partir do entendimento de que a ética e a transparência são valores fundamentais que contribuem para o sucesso, não apenas desse mercado, mas principalmente atua em benefício dos consumidores e da sociedade como um todo.
A publicidade criativa, eficiente, competitiva e ética não só multiplica riquezas e gera empregos qualificados; ela também educa e agiliza a vida do consumidor.
Além disso a publicidade proporciona financiamento cristalino para o funcionamento dos meios de comunicação, pulverizado por milhares e milhares de anunciantes espalhados por todo o país. Desta forma, os veículos podem difundir com qualidade e liberdade, informação, entretenimento, educação e cultura a toda população, fechando um ciclo virtuoso que constitui um importante pilar da democracia.
A publicidade no Brasil passa por um momento de grande renovação. O impacto da sua rápida e intensa digitalização é marca do nosso tempo, propondo caminhos antes inimagináveis para a publicidade.
Aos desafios já observados juntam-se diariamente outros, que testam ao limite nossa capacidade de reação, cobrando ao máximo nossa criatividade, eficiência, a competitividade e a própria ética publicitária. Será necessário nos unirmos e ampliarmos nossas pontes com a sociedade de forma nunca antes vista.
E é exatamente nesse ambiente em que eu assumo este desafio.
Para mim é um orgulho enorme e uma honra ter sido indicado pela diretoria e conselho da ABA para representá-la nessa gestão. E o que mais me motiva é que assumo este desafio me sentindo totalmente apoiado pelo mercado como um todo, começando pelo Conselho Superior do Conar que bancou esta mudança, por meio das entidades que, ao lado da ABA, o compõe e que são Abap, Abert, Aner, ANJ, Central de Outdoor e IAB Brasil.
Sinto-me apoiado também pela minha diretoria aqui representada pelo Edu Simon, Tonet, Rech, Cris Camargo e Daniela Rios, sem me esquecer do incansável time executivo, aqui representado pelo Dr Edney e Juliana, e que conta com pessoas fantásticas nos bastidores.
Agradeço também pessoas que estiveram muito próximas a mim na jornada até aqui, em especial Sandra Martinelli, Mario D’Andrea, Nelcina Tropardi, Luiz Carlos Dutra, João Campos, Luiz Lara, Fernando Fischer, Fernando Vieira de Melo Filho, Dalton Pastore e tantos outros, que cometerei o pecado de não citar.
Acredito, portanto, que a transformação que buscamos esteja diretamente relacionada ao papel que o Conar precisa ter, no sentido de abraçar e até impulsionar a renovação desse mercado, buscando sempre um papel de multiplicador de boas práticas locais e globais, e ciente do seu papel educador e disseminador da autorregulamentação para as novas gerações de profissionais do mercado publicitário brasileiro.
Somos referência mundial na publicidade e precisamos continuar assim. E para isso precisaremos nos desafiar na diversidade.
Considerando o momento vivido pela sociedade brasileira, e aproveitando a liderança que temos aqui representada, é nosso papel ampliar e incentivar cada vez mais ambientes como este, que dão espaço para vozes diversas e multiplicidade de ideias.
A sociedade só tem a ganhar quando se autorregulamenta – e eu sou um dos que acredita plenamente nessa verdade. Quando um setor abraça a autorregulamentação, está zelando pelos próprios passos, desonerando a sociedade e as várias instâncias do Estado, projetando uma prática de responsabilidade madura e serena, baseada em diálogo, lealdade, boa-fé, confiança, autocontenção e consenso em benefício de todos, não importa que à mesa estejam empresas com interesses conflitantes, de portes, origens e finalidades tão distintas quanto uma fabricante de bens de consumo, uma agência de publicidade e um jornal de uma cidade do interior, por exemplo.
Foi este o desafio que os gigantes que vieram antes de nós encararam ao conceber e por de pé o Conar e tudo o que ele significa para a publicidade brasileira, escrevendo uma história extraordinária que chega agora aos seus 44 anos, a partir da aprovação do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, no mítico 3º Congresso Brasileiro de Propaganda.
Há muitos gigantes a quem se render homenagem nessa trajetória, que se dedicaram ao Conar e à autorregulamentação em caráter voluntário. Cito aqui, sabendo que cometerei omissões, Caio Domingues e Mauro Salles, como redatores do Código, e Geraldo Alonso, Luiz Celso de Piratininga, Petrônio Correa, Luiz Fernando Furquim e Dionísio Poli como esteios a fundar e sustentar a criação do Conar.
Cito ainda dois profissionais que estiveram ligados ao Conar desde seus primórdios e que me antecederam na presidência da entidade: Gilberto Leifert e João Luiz Faria Netto que, com dedicação, brilho e profundo amor pela publicidade e pela ética cuidaram de nos transmitir o comando de uma entidade impecavelmente organizada e funcional, tarefa para a qual contaram com a dedicação e competência de todos os colaboradores que se dedica em tempo integral ao Conar.
E como não poderia deixar de ser, deixo aqui minha homenagem também às centenas de voluntários que integraram o Conselho de Ética do Conar desde sua primeira formação. Todos eles que, representando a sociedade civil, anunciantes, agências e os meios de comunicação, colocaram em prática o Código, acolhendo as denúncias recebidas de consumidores, órgãos públicos, empresas associadas e pela própria direção do Conar e tornaram material os seus efeitos, num trabalho intenso e cotidiano.
Muito me orgulho de ter integrado por muitos anos o Conselho de Ética, chegando a presidir a 2ª Câmara, na qual fui sucedido pela colega Vanessa Vilar que, ao lado de Nelcina Tropardi e Adriana Pinheiro Machado, também elas presidentes de Câmaras de Ética, expõem a marcante presença feminina no Conar e na publicidade como um todo. Hoje me orgulho do resultado construído até aqui, com uma parcela expressiva do nosso quadro de conselheiros sendo constituído por mulheres.
Porém a diversidade precisa ir mais além e não tenham dúvidas que esta diretoria e conselho estarão atentos e buscando na diversidade e inclusão o fundamento de validade das suas posições para o futuro, e um ambiente aberto para o diálogo e construção de um mercado mais transparente, ético e inclusivo.
Finalizo dizendo que, num ambiente mutante e por vezes selvagem, a autorregulamentação segue sendo um caminho seguro, no qual devemos persistir e confiar em nome do passado e do futuro pois – uma vez mais – a sociedade sempre ganha quando se autorregulamenta.