A FCB Brasil desenvolveu o estudo Os Medos que Pairam sobre Nós, o terceiro de uma série que pretende refletir sobre temas atuais e relevantes para a sociedade. A série teve início com o estudo Trustparency, feito em 2012, no qual foram mapeadas as emoções envolvidas nas relações de confiança e a importância da transparência no discurso das marcas. E teve continuidade com o estudo Empatia, em 2015, que buscou compreender como a habilidade de enxergar o mundo com os olhos do outro cria oportunidades para uma comunicação mais próxima. Agora a agência se propôs a entender quais os medos contemporâneos que afligem os brasileiros e quais são as formas para lidar com eles.
Pedro Cruz, COO e CCO da FCB Brasil, comenta que “ser humano implica em sentir medo, uma das emoções humanas mais difíceis de lidar. Mas, ele também pode ser propulsor de racionalidade e criatividade. Queremos então saber quais os territórios de atuação das marcas que podem ajudar as pessoas a enfrentar seus medos”.
Marcia Neri, VP de Planejamento da FCB Brasil completa “As marcas podem fazer muito para ajudar as pessoas a elaborarem seus medos. É possível falar de proteção e saúde, empoderamento e autoconhecimento, educar e facilitar, celebrar e gerar confiança. Porém, poucas marcas e empresas entenderam que podemos trabalhar essa questão do medo como nós, humanos.”.
Realizado em parceria com o Coletivo Tsuru e com a Quantas, o estudo analisou os diferentes medos do homem. E também nomeou os medo-nuvem, que requalificam e impulsionam os medos que sentimos.
“A vida urbanodigital é um caminho sem volta que gera medo da hiper exposição e monitoramento constantes. Alguns desses medos, nós ainda nem conseguimos nomear, por isso, reunimos e chamamos as três tensões – screen society, info cosmos e jelly structure – de expressões de medos contemporâneos.”, explica Marcia Neri.
Uma das conclusões é que o fracasso e o medo de enfrentar o novo, medos individuais, são sensações preponderantes entre os brasileiros, depois do medo da violência e do medo da ameaça à vida dos filhos. Embora a violência e a preocupação com os filhos continuem sendo os medos mais latentes – algo compreensível no contexto atual do país –, o medo do fracasso e de enfrentar o novo afligem mais da metade da população (78%). Estes medos incluem nuances como medo de decepcionar a pessoa que ama, medo de falhar como exemplo de pai/mãe, medo de não ser feliz, medo de fracassar individualmente, medo de perder o emprego, medo de injustiça.
O estudo também mostra que, embora os medos possam ter um efeito paralisante, os brasileiros elaboram seus medos, seja racionalizando ou compartilhando, para conseguir seguir em frente.
Avaliou-se também o papel das marcas nessa atmosfera de medo e como podem atuar para que as pessoas enfrentem seus medos. As seguintes categorias foram pesquisadas: bancos, automóveis, telecom, internet, seguros e cuidados pessoais. As marcas do mundo digital, como Google, Facebook, YouTube, Instagram e Twitter, são as que atuam mais fortemente nessa direção contra o medo.
O campo foi realizado entre maio e agosto de 2017. Foram feitas mais de 50 entrevistas na rua, questionários abertos on-line com mais de 230 respostas, entrevistas com 7 especialistas e um questionário final quantitativo com 2.088 entrevistas on-line, que teve como público-alvo a população Brasil ABC, 13 anos ou mais.
A metodologia qualitativa contou com entrevistas em profundidade com especialistas de diversas áreas como Psico-Bio-Física, Psiquiatria, Antropologia e Psicologia e Sociologia. Numa iniciativa inédita, o estudo inspirou a criação da peça de teatro Kansas, que será lançada em março de 2018, sob a direção da dramaturga Gabriela Mellão, que participou de todo o processo de pesquisa, acompanhando as entrevistas.
O objetivo da montagem é fazer com que o tema “medo” seja expresso não só através das palavras, mas também – e sobretudo – através de algo não definido, imperceptível, que age fora da esfera da racionalidade e trafega no universo da irracionalidade, dos movimentos capazes de expressar coisas que a linguagem não consegue expressar, atingindo o inconsciente do espectador. Um grupo de seis atores interage em uma espécie de aquário humano, habitado por “homens-fósseis”, cujos comportamento e aparência remetem a seres mofados, petrificados.
Para conferir a pesquisa complexa acesse o site: medo.fcbbrasil.com.br/estudo