A presença de pessoas negras em posições de liderança e destaque ainda é uma exceção no Brasil. Apesar dos avanços sociais das últimas décadas, a realidade mostra que muitas dessas figuras seguem sendo “as primeiras e únicas” em seus espaços de poder. Foi a partir dessa constatação que Geledés – Instituto da Mulher Negra, lança a campanha “Quem Vem Depois”, criada pela Artplan.
O propósito da iniciativa é ampliar a visibilidade e a representatividade do instituto, que há quase quatro décadas atua no combate ao racismo e sexismo e na defesa dos direitos das mulheres negras. Lançada no Mês da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, a campanha convida o público a refletir a presença de pessoas negras em cargos de liderança, por meio da provocação central “quem vem depois?”. Mais do que pensar nas futuras gerações, o movimento busca impulsionar mudanças já no presente, fortalecendo referências e ampliando oportunidades para as pessoas negras que hoje estão no mercado de trabalho.
A ação reúne personalidades que simbolizam trajetórias pioneiras e inspiradoras dentro do movimento negro e da política brasileira, como o ministro Joaquim Barbosa, primeiro presidente negro do Supremo Tribunal Federal em mais de 217 anos de história; Antônio Alberto Lopes, advogado, ativista pelos direitos humanos, e primeiro diretor negro da Faculdade de Medicina da UFBA em 215 anos; Zulu Araújo, primeiro e único negro Doutor em Relações Internacionais do estado da Bahia e referência na valorização da cultura afro-brasileira; Ana Maria Gonçalves, primeira mulher negra eleita para a Academia Brasileira de Letras; Benedita da Silva, ex-governadora do Rio de Janeiro e uma das vozes mais emblemáticas da luta contra o racismo e a desigualdade social; Nilo Peçanha, primeiro presidente negro do Brasil, cuja imagem, em domínio público, é utilizada como parte do projeto; e Sônia Guimarães, primeira e única mulher negra docente no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Essas personalidades são as primeiras pessoas negras em suas respectivas áreas e representam conquistas históricas, marcos fundamentais na luta por visibilidade e representatividade negra. A campanha propõe um olhar além da celebração: se há uma primeira, por que ainda não há uma segunda? Ao destacar essas pessoas pioneiras, o Geledés convida a sociedade a refletir sobre a ausência de continuidade e sobre o que impede que essas trajetórias se multipliquem. A provocação é clara, reconhecer o valor dos que abriram caminhos deve vir acompanhado do compromisso coletivo de garantir que estes pioneiros não permaneçam sozinhos em seus feitos.
“A campanha tem a intenção de provocar uma reflexão sobre como o racismo ainda exclui pessoas negras dos espaços de liderança. Não se trata de falta de competência, pois a história está repleta de exemplos de excelência intelectual, política e profissional entre nós. O que está em jogo é a persistência de um sistema que interrompe, limita e bloqueia a presença, a ascensão e o avanço contínuo desta população. E isso em todos os espaços de poder.” Sueli Carneiro, militante e co-fundadora de Geledés.
Para ampliar o alcance da mensagem, haverá ativação com influenciadores e celebridades reconhecidos por sua atuação social e comunicação com públicos diversos. Entre eles estão Lázaro Ramos, ator, diretor e escritor, amplamente conhecido por seu engajamento em pautas sociais e pela valorização da cultura negra; Taís Araújo, atriz, apresentadora e produtora, referência em representatividade e defesa da igualdade racial e de gênero; Camila Pitanga, atriz, também grande referência no combate a desigualdade racial e de gênero; Jacira Doce, criadora de conteúdo conhecida por seu humor crítico e reflexões sobre cotidiano e comportamento; Rodrigo França, Diretor, ator, filósofo e escritor, com trajetória marcada pela defesa da cultura negra; e Kemla Baptista, Escritora, narradora de histórias e apresentadora.
“A ideia da iniciativa nasce do incômodo em perceber quantas vezes ainda nos referimos a pessoas negras como as primeiras e únicas em suas áreas. A campanha propõe uma virada de perspectiva ao celebrar essas conquistas sem deixar de questionar por que elas ainda são exceção. O lançamento no Mês da Consciência Negra não é uma mera coincidência, é um convite coletivo para que a sociedade se mova e garanta que existam muitos ‘segundos’, ‘terceiros’ e ‘próximos’ depois deles”, explica Debora Moura, head de Atração e D&I da Artplan e do Grupo Dreamers.
As participações das personalidades já estão em destaque no site da campanha, em formato editorial, bem como nas peças digitais, rádios e mídia exterior em diversas praças. A criação é da Artplan.