domingo, dezembro 22, 2024
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AKQA e Instituto Raoni apresentam tecnologia pode frear a destruição da Amazônia

Um software gratuito e de código aberto pode se transformar em uma ferramenta importante na luta contra o desmatamento ilegal da Amazônia. O projeto Código da Consciência pretende usar linhas de programação para restringir o uso de maquinário pesado em áreas protegidas.

Segundo dados do INPE, o desmatamento da Amazônia aumentou 278% em julho de 2019. Só em Juara, Mato Grosso, foram cortadas mais de 300 mil árvores da Floresta Amazônica nos últimos meses. Em algumas áreas reviradas pelas máquinas, os danos são permanentes, sem possibilidade de regeneração completa.

“Que os fabricantes de tratores e os chefes todos venham e vejam isso. Para que os tratores operem, mas parem quando chegarem à nossa terra, à nossa floresta e assim ela continuar existindo. É para que tenhamos consciência e para que a floresta fique de pé.” – explica o cacique Raoni Metuktire, líder Kayapó e parceiro do projeto.

O Código da Consciência usa mapas georreferenciados das áreas protegidas do mundo, reunidos pelo World Database on Protected Areas (WDPA), um banco de dados atualizado mensalmente por ONGs, comunidades e governos – e que possui API aberta. O código combina o sistema de GPS existente nas máquinas com o banco de dados das áreas protegidas, detectando se elas entrarem em uma área onde não deveriam estar.

O código pode ser obtido gratuitamente no site CodigoDaConsciencia.org por qualquer empresa interessada. Para simbolizar a viabilidade de implementação do Código da Consciência a um baixo custo em diversas máquinas (incluindo modelos antigos), foi desenvolvido um chip pequeno contendo GPS, 4G e armazenamento de dados — além do código em si.

“A destruição ilegal da natureza impacta todos, seja na diminuição da biodiversidade, na violência contra comunidades, na degradação do solo ou, em última instância, no aquecimento global. O projeto oferece às fabricantes de veículos pesados, pela primeira vez, a oportunidade de também participarem da solução desse problema. Além disso, acreditamos na viabilidade econômica do projeto – ao mesmo tempo em que uma fabricante poderia perder clientes com objetivos ilegais, poderia ganhar outros que, não apenas acreditam em um mundo melhor, mas sabem das vantagens econômicas de assumir essa postura em um mundo cada vez mais consciente”, explica Hugo Veiga, diretor executivo de criação da AKQA, estúdio criativo que desenvolveu o projeto com Institutos, Associações e empresas parceiras, de diversos setores.

Os responsáveis pelo projeto estão agora em contato com os CEOs das dez maiores fabricantes de equipamentos de construção do mundo, com o objetivo de explicar a importância de um compromisso pela conservação ambiental. A ideia é que as novas máquinas já saiam da fábrica com o código instalado. A equipe também está em contato com grandes empresas que tenham atividades econômicas relacionadas à Amazônia, para que elas também passem a exigir que fornecedores e parceiros instalem o Código da Consciência nas máquinas que já operam na região.

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