A pandemia da COVID-19 nos impôs uma quarentena que passa de 150 dias. Junto dela, várias notícias tristes foram veiculadas diariamente nos meios de comunicação. Embora estejamos privados de várias praticidades, é importante ver um outro lado que, infelizmente, poucos vêem.
E este lado é o de diversos animais, que vivem por dias, meses e até anos em isolamento pelo mundo, em gaiolas minúsculas ou longe de seu habitat, fruto de uma atividade ilegal e que, só em nosso país, movimenta cerca de 3 bilhões de reais e tira por ano 38 milhões de aves, mamíferos, anfíbios e répteis de seu lugar de origem.
É isso mesmo. O tráfico de espécies silvestres não dá escolha de liberdade para milhares de representantes da nossa e de outras faunas. Foi pensando nesta realidade que a SALA fez para a RENCTAS (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais) uma campanha que chama a atenção para o tema e incentiva a denúncia do tráfico e de cativeiros de animais.
Nosso país abriga cerca de 20% de toda a biodiversidade do mundo. Isso significa dizer que, de cada cinco animais no mundo, um deles tem ao menos um exemplar natural em nossas matas, florestas, praias ou cidades.
“Se a gente for parar pra pensar que, num período como esse, a atenção do público fica ainda mais longe de questões como essa, já que a grande maioria está focada na pandemia, os traficantes e compradores de animais silvestres estão ainda mais em ação. Justamente por esse fator trouxemos a questão da quarentena para a campanha, para mostrar que, mesmo quando parece que o mundo parou, tem muita gente se aproveitando disso para atos cruéis como este”, comenta Leopoldo Azevedo, sócio-fundador da SALA.
Com imagens feitas durante os próprios resgates de animais, a campanha conta com uma mensagem simples: traz o nome do animal, quanto tempo ele está em quarentena e o conceito “O isolamento não é para todos”, além dos contatos para denúncia de tráfico e cativeiros.
“É muito mais que uma campanha, é um verdadeiro estímulo para continuarmos nosso trabalho. Esta não poderia vir em momento melhor, em que o tráfico de animais tem crescido e precisa ser combatido por todos”, declara Dener Giovanini, coordenador do Renctas.