A palavra não poderia ser mais adequada para descrever a situação pela qual passa um amigo ou parente de um preso que o visita na cadeia, vexatória. Este é o tema da campanha da Rede de Justiça Criminal, assinada pela JWT, que denuncia o tratamento violento dado a essas pessoas. A rede é composta por um grupo de ONGs da qual faz parte a Conectas, parceira da JWT, que tem por objetivo atuar na busca por um sistema de justiça criminal mais humano, justo e eficiente.
A campanha aborda estes abusos, que são usados como argumentos para garantir a segurança do sistema prisional, embora as pesquisas demonstrem que este modelo não tem nenhum impacto significativo para diminuir riscos de fuga, rebeliões e outros casos de violência. “A JWT se solidariza com causas, independentemente da tradicional plataforma de projeção para festivais. O trabalho para a Conectas é uma mobilização interna que transcende o exercício criativo. É uma questão de crença e não de culpa”, afirma Fernand Alphen, Head of Strategy da JWT.
Composta por uma série de áudios e quatro vídeos gravados pelo rapper Dexter e outros artistas que dão vozes as cartas de parentes de presos que sofrem a revista vexatória, a comunicação choca por retratar uma realidade que pode estar acontecendo enquanto você lê este texto. São casos de pessoas que precisam se despir, agachar três vezes sobre um espelho, contrair os músculos e abrir com as mãos o ânus e a vagina para que funcionários do Estado possam vasculhar orifícios genitais de mães, irmãs, esposas e filhas de presos, de todas as idades, incluindo bebês de colo, para terem autorização de ver o encarcerado.
“A prática da revista vexatória é uma das mais extensivas, indiscriminadas, sádicas e ineficientes violações de direitos humanos cometidas pelo Estado. É um absurdo que isso ainda exista. Construir uma campanha comunicacional como essa é mais um meio de tentar mudar essa realidade, por meio da informação, da indignação, da pressão cidadã e, esperamos, de uma resposta adequada do Congresso, com a aprovação do Projeto de Lei que proíbe a revista vexatória no Brasil”, ressalta João Paulo Charleaux, coordenador de Comunicação da Conectas.
A principal ferramenta da campanha, no entanto, é um hotsite ( www.fimdarevistavexatoria.org ), que permite que as pessoas se inscrevam e enviem um e-mail para sensibilizar o presidente do Senado, Renan Calheiros. O objetivo é a aprovação do Projeto de Lei – PL 480/2013, que visa acabar com este tipo de revista vexatória, até porque já existem métodos mais eficientes e não abusivos para serem feitos. Documentos oficiais da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo mostram que apenas 0,03% dos visitantes carregavam itens considerados proibidos, ou seja, 2 visitantes de cada 10 mil. Este tipo de revista é expressamente proibida em muitos países. O Estado argentino já foi, inclusive, condenado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) por este motivo.
Durante o lançamento da campanha, foram expostos diversos quadros pintados pelo diretor de arte da JWT, João Unzer, que retratam a violência e o constrangimento sofrido pelas pessoas que visitam os presos na cadeia. Entre as obras, estava a peça que foi exposta durante uma palestra da Rede de Justiça Criminal na ONU, em Genebra, na Suíça.
Ficha Técnica:
Cliente: Rede de Justiça Criminal ONG Conectas
Agência: JWT
Título: Fim da Revista Vexatória
CCO: Ricardo John
Head of Art: Fabio Simões
Diretor de Criação: Erick Rosa
Redator: Bruno Pereira, Erick Rosa
Diretor de Arte: João Unzer e Robison Mattei
Assistente de Arte: Gabriel Morais
Atendimento: Luiza Neves
Gerente de Projetos: Kazuo Sugui
Mídia: João Dabbur, Luiz Zerbini, Siloê Neves e Wagner Sena
Planejamento: Fernand Alphen, Isabella Mulholland e Stella Pirani
RTV: Márcia Lacaze e Daniele Pizzo
Diretor Vídeos: João Unzer e Régis Fernandez
Diretor de Fotografia: Régis Fernandez
Montagem: Emerson Jardim e Pedro Mello
Produtora Áudio: Cabaret
Maestro: Guilherme Azem
Produtor: Lucas Comparato
Locutor: Marcos Miranda
Atendimento Produtora: Ingrid Lopes
Digital Producer: Suélen Mariano
Produtora Hotsite: Virtual Mind
Aprovação Cliente: Lúcia Nader e João Paulo Charleaux