A campanha “Adote um Pequeno Torcedor”, lançada pelo Sport Club do Recife em agosto de 2015, entra agora numa nova fase e acaba de ganhar um documentário. “Depois dos Sete – Uma reflexão sobre a adoção tardia” tem como objetivo despertar o interesse daqueles que querem ser pais para a possibilidade de adotar uma criança com mais de 7 anos e também esclarecer as principais dúvidas sobre o tema.
O documentário traz depoimentos de psicóloga, pedagoga, coordenadora de casa de abrigo, da Justiça, do próprio Sport e de algumas crianças envolvidas no projeto “Adote um Pequeno Torcedor”. Quarenta e três crianças acima de 7 anos, todas da Segunda Vara da Infância e Juventude de Recife, fazem parte da ação.
Desde que foi lançada, campanha tem como objetivo central conseguir famílias para estas crianças. Todo o trabalho social foi criado e desenvolvido em parceria com o Juiz Dr. Elio Braz, da Segunda Vara de Infância e Juventude do Recife, e com o Ministério Público de Pernambuco, em acordo com as leis brasileiras. Um dos motivadores da campanha é o fato de que, no Brasil, quase 94% dos pais interessados em adotar buscam crianças menores de 7 anos. No entanto, 8 em cada 10 crianças que estão esperando por uma adoção já passaram dessa idade. Os dados são do Cadastro Nacional de Adoção e foram fornecidos pelo Conselho Nacional de Justiça.
E, em geral, as crianças mais velhas já escolheram um time do coração. Acreditando que a paixão pelo mesmo time pode ser uma conexão entre pais e filhos, o Sport acredita muito na força da campanha Adote um Pequeno Torcedor.
Para a psicóloga Carolina Albuquerque, uma das entrevistadas do documentário, preconceito é o principal obstáculo para que os pais interessados em adoção venham a considerar uma criança de maior idade. Mais uma vez entra a importância da campanha. Os profissionais ligados direta ou indiretamente com o trabalho de adoção são unânimes em dizer: os pais buscam uma criança idealizada, mas na verdade se esquecem de que filhos perfeitos simplesmente não existem. Nem adotivos, nem biológicos.
O Juiz Dr. Elio Braz destaca que o processo de escolha, de ver e apontar esta ou aquela criança para adotar, é proibido por Lei. “Quando um bebê nasce, na maternidade, você olha para ele e esquece tudo o que idealizou. Aceita a criança da forma que ela veio. E sempre é uma grande surpresa”, diz Braz. Para o Juiz, quando você adota uma criança maior, recebe de presente uma pessoa. “’Trata-se de alguém com uma historia de sofrimento, mas por trás também existe uma história de coragem, de força, de luta pela sobrevivência e um desejo imenso de que tudo dê certo na vida.”
O presidente-executivo do Sport, João Humberto Martorelli, comenta que é um orgulho para o clube fazer parte e apoiar o projeto. “É uma forma de usar o futebol como instrumento de paz e amor; de dar alegria e cidadania a essas crianças que querem ter uma família e um lar.” Martorelli lembra ainda que, apesar de esta ser uma ação apoiada pelo Sport, com o objetivo de sensibilizar a sua torcida, quando o tema é adoção, não há rivalidade. “Pessoas de qualquer região do país e não apenas torcedores do Sport podem apoiar a causa. Queremos que a campanha mobilize todo o Brasil para que o maior número possível de crianças que vivem em abrigos sejam adotadas”, completa o presidente.
Há cerca de um ano e meio, estão trabalhando no projeto “Adote um Pequeno Torcedor”, além do próprio clube, as promotoras de Justiça do Ministério Público de Pernambuco Ana Maria Maranhão e Daniela Brasileiro, Dr. Elio Braz e a Ogilvy Brasil, agência de comunicação responsável pela conta do clube desde 2012. O apoio de cada um dos órgãos públicos foi indispensável para a realização da campanha. A produtora é a Academia de Filmes, que atua em parceria com a Urso Filmes.
Além do documentário, foram criados também dois filmes para divulgar a campanha. Um é chamado de “Paixão em Comum” e o outro, “Dia de Jogo”. A comunicação visual de todo o material foi feita em cordel, com uma caricatura de cada criança. No site há também informações sobre a Lei brasileira que trata de adoção e os contatos da Justiça caso alguém se interesse em adotar.
O site e toda a campanha são apenas uma ferramenta para divulgar a causa – não facilitam nem encurtam nenhuma das etapas. A partir dali, todos os processos devem seguir os trâmites legais, sem nenhuma interferência dos envolvidos no projeto “Adote um Pequeno Torcedor”.