quinta-feira, dezembro 4, 2025
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Abelhas não voam 

Dizem, sem comprovação, que há um cartaz na NASA com a imagem de uma abelha enorme e com os dizeres:

“Aerodinamicamente, uma abelha jamais poderia voar, mas ela não sabe disso. Ela vai e voa.”

E é exatamente aí que começa a história das mudanças climáticas no agro: o impossível que insiste em acontecer.

As abelhas voam.
Mesmo quando o mundo se aquece.
Mesmo quando a estação muda antes do aviso.
Mesmo quando o néctar some e o campo muda de sotaque.

Esses pequenos seres, tão frágeis aos olhos humanos, carregam o grande código da natureza do agro: polinização, colheita, alimento, ciclo.
E hoje, elas suspiram.

Porque os padrões que existiam não se repetem mais.

As estações que se antecipam.
Os ciclos que escorregam.
É o solo que derrete, a flor que abre cedo demais, o vento que muda de rota e cresce em tornado, o que era impossível décadas atrás. O que a ciência chama de season creep.

A população de abelhas está em queda: “uma provável redução de quase metade das espécies de abelhas nas próximas décadas.”

E quando as abelhas vacilam, o agro sente falta de braço, sente falta de “verde”, de alimento, de voz.

Mas aqui está o paradoxo: as mudanças climáticas são reais e previsíveis.
Sabemos que os eventos extremos vão aumentar, que a geografia do agro vai mudar.

E nessa mudança, há desafio, solo que racha, flor que não floresce na hora certa, e colheita que escapa, no gado que seca.

E há oportunidade, inovação, adaptação, agro que vira tecnologia, agro que reinventa com a ciência de dados e da natureza.

Imagine produtores investigando campos onde plantam flores-cobertura para sustentar abelhas;
Agritechs medindo cada voo de inseto para rastrear fertilidade do solo;
Empresas que dizem: “Se as abelhas morrem, nossa fazenda perde o ar, a cor, o sabor.”

Essas iniciativas já existem.
Porque o agro já entendeu que a abelha-software não substitui a abelha-real, que a Inteligência Artificial não substitui o talento humano que aflora.

Então o agro virá com botas de borracha e chip no bolso.
Plantará flores e instalará sensores.
Regenerará solo e medirá microclima.
Porque sabe que cada abelha que voa é um voto de confiança da natureza.

E que cada abelha que falha é um aviso de que não é só o mundo que muda. É a nossa casa, nosso alimento, nossa economia.

Olhe para as abelhas.
Ouça o zumbido.
Entenda que o limite da mudança climática não é externo.
É interno.
É o campo que tem de se reinventar.
É o agro que tem de voar, mesmo sabendo que, “aerodinamicamente”, talvez não pudesse.

Enquanto ela voa.
E nós?

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