domingo, dezembro 7, 2025
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Entre Pixels e Pinceladas: sejamos impressionistas. 

Reflexões do AgroMKTSummit sobre o Futuro do Marketing

Goiânia, ah, Goiânia! A capital verde, do sertanejo universitário, dos ipês floridos e agora também, quem diria, do AgroMktSummit, que tomou conta do Teatro Sesi nos dias 15 e 16 de outubro. Dois dias inteiros de ideias germinando mais rápido que soja no cerrado. Lá estavam produtores, marqueteiros, criadores de conteúdo, empreendedores e curiosos discutindo tudo o que faz o agro se comunicar melhor com o mundo: tendências de consumo, branding rural, marketing de influência no campo, comunicação de sustentabilidade e o impacto da tecnologia na relação entre marcas e pessoas.

E foi nesse terreno fértil de ideias que eu, representando a APP BRASIL, Ricardo Nicodemos, presidente da ABMRA, e Rodrigo Neves, presidente da Anamid, subimos ao palco para um debate que soava quase como uma profecia: “O futuro das agências de marketing com o avanço da IA – Inteligência Artificial.”

A história da humanidade, afinal, é uma coleção de sustos tecnológicos. E não é de hoje que o novo provoca arrepios nos mais experientes. Quando a fotografia surgiu, lá no século XIX, foi um verdadeiro desassossego para os artistas da época. Imagine só: durante séculos os pintores aperfeiçoaram o dom de reproduzir a realidade: retratos, paisagens, naturezas-mortas, e, de repente, surge uma caixa preta capaz de fazer isso em segundos e com muito mais fidelidade.

Alguns artistas largaram o pincel. Outros, porém, olharam para o abismo e disseram: “se não posso competir com a precisão da máquina, vou pintar o que ela não vê”. Assim nasceu o Impressionismo, um movimento que trocou a exatidão pela emoção, o contorno pela luz, a rigidez pela vibração. Foram pintores que se atreveram a captar a impressão do instante, as cores que mudam ao longo do dia, os reflexos da água, a dança das sombras nas estações.

Pinceladas curtas, soltas, que pareciam confusas de perto, mas ganhavam sentido quando se dava dois passos atrás. Era a arte reinventando-se diante da tecnologia. E se não fosse a chegada da fotografia, talvez o mundo jamais teria conhecido Monet.

Pois bem: a Inteligência Artificial é a fotografia das agências de marketing. Ela já chegou, muda a paisagem e desafia o modo como trabalhamos. Algumas tarefas vão se automatizar: relatórios, ajustes de mídia, segmentações, textos padrões, imagens, vídeos, otimizações de anúncios. A IA faz tudo isso em segundos, e sem pedir café ou aumento. É o pincel mais rápido da história.

Mas, assim como os impressionistas, não podemos competir com a precisão da máquina, e sim com aquilo que ela não sente. O nosso papel muda: em vez de simplesmente produzir, precisamos interpretar, emocionar, conectar, filosofar sobre o porquê das marcas existirem. As agências que se limitarem a executar podem desaparecer como retratistas diante da Kodak.

Mas as que abraçarem o novo, que aprenderem a combinar dados e sensibilidade, algoritmo e afeto, automatização e propósito, poderão criar algo inédito: campanhas que unem lógica e alma, tecnologia e poesia.

Seremos, enfim, os novos impressionistas do marketing. Pintando não mais o que o cliente pede, mas o que ele sente e ainda não sabe dizer.

Porque, no fundo, toda revolução tecnológica é um lembrete filosófico: a máquina pode imitar o gesto, mas jamais substituir o talento e a alma de quem o cria.

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