segunda-feira, dezembro 8, 2025
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Novas Gerações no Agro

Imagine a cena: o avô ainda mede o tempo pelas estações do ano, o pai mede pelo calendário das colheitas, e a neta chega com o celular na mão, falando de big data, drones e marketing digital. Três gerações na mesma mesa, discutindo o futuro da mesma fazenda. É quase uma novela rural, só que sem roteiro pronto.

O peso da herança e o vento da mudança com as novas gerações que estão assumindo empresas familiares do agro chegam preparadas: fizeram MBA, viajaram para feiras internacionais, falam de tecnologia como quem fala do clima. Mas quando voltam para casa, encontram um terreno fértil… e conservador. E precisam mostrar que respeitar a história não significa parar o relógio.

É como dirigir um trator moderno com GPS em uma estrada de terra que insiste em levar sempre ao mesmo lugar. O desafio não é só aplicar o novo, é convencer que o novo também faz parte da tradição. No agro, tradição é raiz, mas inovação é adubo.

No fundo, gestão familiar no agro é um exercício de filosofia na prática. Esses jovens gestores precisam aprender a responder uma das perguntas mais difíceis de todas: “Como eu respeito o que foi construído sem deixar de construir o que precisa nascer?”

É quase como plantar milho em um campo onde o avô sempre plantou feijão. A terra é a mesma, mas a visão é outra. O risco? A colheita ser boa, mas o almoço de domingo virar debate acalorado. O campo ensina que para colher diferente é preciso plantar diferente.

Exemplos simples e práticos que falam muito:

  • A tecnologia do drone: Para o avô, parece um brinquedo caro. Para a neta, é economia de insumo, precisão na aplicação e sustentabilidade. O que parece luxo vira eficiência.
  • O marketing digital: Para o pai, “é o cliente que sempre comprou”. Para a filha, é o consumidor urbano que nunca pisou no campo, mas valoriza origem e rastreabilidade.
  • O parceiro correto: É como escolher um bom veterinário. Não adianta ter conhecimento, precisa também entender a cultura da família, falar a língua da roça e da cidade ao mesmo tempo.

Aqui entra a parte mais estratégica: é mais difícil inovar em um sistema familiar sem aliados. Parceiros certos funcionam como pontes: traduzem o “agora” para quem ainda pensa no “ontem” e ajudam a transformar ideias em resultados palpáveis.

São eles que mostram, por exemplo, que investir em energia solar não é apenas uma “moda verde”, mas uma forma de garantir autonomia e reduzir custos, e que investir em comunicação ou construção de marca não é vaidade, mas sobrevivência no mercado. Os melhores parceiros não mudam a família, mas ajudam a família a mudar.

As novas gerações no agro carregam a missão de ser ponte: entre o analógico e o digital, o conservador e o inovador, o passado que construiu e o futuro que precisa florescer.

E a grande lição é simples: assim como no campo, inovação em gestão familiar depende de solo fértil, paciência, cuidado… e, principalmente, da escolha certa de quem caminha ao lado. Porque, no fim das contas, no agro e na vida, ninguém planta nem colhe sozinho. E como diz a frase atribuída ao escritor Ernest Hamingway: “O mais importante é quem está ao seu lado na trincheira”, é quem você escolhe para estar ao seu lado nas batalhas e desafios nas colheitas futuras.

Afonso Abelhão

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