Artigo por Fernando Vasconcelos:
A recente queda nos percentuais de popularidade do presidente Luís Inácio Lula da Silva, em pesquisas aferidas antes das suas duas cirurgias em dezembro, acendeu um alerta no Planalto, resultando na convocação do primeiro escalão governamental para reuniões no intuito de reverter esse quadro.
O declínio apontado gerou preocupações entre os integrantes do Palácio do Planalto, conscientes de que os baixos percentuais na popularidade do chefe do executivo têm um culpado: a comunicação. Essa conclusão fez gerar mudanças no comando da Secom, com a posse do publicitário baiano Sidônio Palmeira como novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
Vamos aos fatos: a Comunicação Social Pública – aqui entendida comunicação governamental – deve ser um setor empenhado em promover perante a sociedade o conhecimento das realizações do governo, inseridas nos programas plurianuais de desenvolvimento e no orçamento fiscal do exercício corrente, cobrindo obrigatoriamente todas as áreas onde investe dinheiro público.
Entretanto, vale ressaltar que Comunicação Social constitui-se atividade-meio e não atividade-fim. E por constituir-se atividade-meio, não tem capacidade/competência institucional para intervir nos problemas de governo. O que a Comunicação Social pode e deve fazer, isso sim, é procurar viabilizar à opinião pública o conhecimento das realizações do governo, em perfeita sintonia com os ministérios e entidades da administração indireta. A sinergia entre os mais variados setores do governo é fundamental para o sucesso da Comunicação Social Pública.
Para desenvolver sua tarefa, a Comunicação Social Pública precisa ter ações claras, definidas, inteligentes e objetivas, envolvendo as áreas de Imprensa, Publicidade e Marketing, usando, de forma coordenada e sob um único comando vinculado diretamente ao presidente da República, os canais de mídia Jornal, TV, Rádio, Internet, Mobile, Telemarketing e mídias alternativas, priorizando as áreas-fins de maior impacto e retorno opinativo favorável, sendo imprescindível a unidade de pensamento no governo, algo que não temos visto já há algum tempo.
Nosso país mudou. O eleitor brasileiro reformula diariamente seus pensamentos e seu modo de agir. Posso enumerar alguns pontos: o brasileiro começou a ter interesse pelas ações políticas, a grande maioria tem exata noção do que é bom para o seu grupo e seus interesses, levando-o a decidir com base em conclusões racionais. Opiniões racionalmente formadas por grupos de influenciadores são completamente aceitas pelas classes sociais e o público-alvo das ações chega às suas próprias conclusões, expressando sua vontade por intermédio de manifestações populares, com foco político marcante e, finalmente, pelo voto nas urnas. As eleições municipais realizadas em outubro serviram de termômetro para o Palácio do Planalto. E o que viram neste termômetro não foi nada agradável para os planos do governo.
A falta de uma comunicação mais vigilante e diligente é capaz de levar a imagem de qualquer governo a consequências desagradáveis. Observa-se hoje em nosso país uma opinião pública esclarecida e informada, que se conduz, na sua maioria, por ações políticas fundamentadas na moralidade, justiça social e cidadania. Aqui entra o papel da Comunicação Pública utilizando-se de pesquisas, meios de comunicação, campanhas publicitárias criativas – e o governo tem agências de publicidade capacitadas, ações técnicas, procedimentos e recursos humanos com disposição para o trabalho, em busca de um só objetivo: a formação e/ou reformulação das opiniões individuais e coletivas voltadas para o bem comum e interesse público indisponível.
Para reformular as opiniões individuais e de grupos, a administração federal precisa utilizar-se de mecanismo medidores da realidade do momento, baseados sempre: – na ética, orientada pela verdade e humildade; – na técnica, com os seus profissionais capacitados e com vontade de pegar um touro à unha; – nos meios de comunicação, em busca do público alvo e posterior conhecimento das opiniões, adesões e rejeições; – no funcional, que diz respeito às veiculações de notícias e campanhas publicitárias de interesse da nação brasileira e do desejo e necessidade do eleitor.
A Comunicação Social Pública e suas ferramentas de atuação Publicidade, Marketing e Imprensa é uma prestação de serviço público, são investimentos legais e necessários, ainda que sejam alvo de críticas injustas de quem não está no poder e que tenta transmitir para a opinião pública a falsa ideia de que a publicidade governamental seria condenável, irregular ou ilegal. Nada disso. A publicidade institucional, prevista na LOA a cada exercício fiscal, é essencial numa Democracia.
O Governo Federal precisa receber melhor destaque e informações simples e explicativas, comunicando de forma compreensível, educativa e didática, utilizando-se de canais diretos de comunicação
Não se esqueçam, senhores governantes, que a Comunicação Social Publica também é um ato político – é um processo técnico especializado que coincide com o processo político – é um fato ou fenômeno de natureza política. A unidade das ações de comunicação do governo é muito importante. Seja na formação de sua imagem ou na manutenção de níveis de credibilidade e confiabilidade perante a opinião pública. Este governo ainda se mostra tímido em conduzir suas ações, adotando uma linguagem única, mesmo tentando regionalizar sua comunicação.
Essa unidade deve ser concreta e difundida pelos meios de comunicação, campanhas publicitárias, ações de marketing e até pela participação de um porta-voz governamental, que no real não existe no governo.
No caso do porta-voz, não deve ler “release” em frente às câmeras, esse gesto demonstra desconhecimento dos assuntos discutidos. Parece ser uma informação “industrializada”, encomendada, mecânica, quase uma produção de inteligência artificial. O ouvinte, o telespectador, o leitor, em suma, o eleitor, não gostam disso. A população preza pela autenticidade. Hoje, o eleitor gosta de o verbo mostrar, discutir, debater, esclarecer, informar. Falar que o chefe disse, coisa e tal, tal e coisa, não funciona.
Comunicação Social Pública nada inventa. Ela cria mensagens resultantes de um bom briefing que, por sua vez, é gerado por realizações de obras, atitudes e programas governamentais. Esse setor estratégico é um canal fundamental para todos nós. Para o governo e ao político é vital.
Fernando Vasconcelos, jornalista, publicitário, bacharel em Direito, professor e ex-presidente do Sindicato dos Publicitários do DF.