O Brasil vai sediar nos dias 19 e 20 de novembro, o encontro do G20, no Rio de Janeiro e muita gente já sabe disso. Muito antes deste encontro acontecer, várias lideranças femininas do Brasil e do mundo todo, já vinham se reunindo para organizar um importante documento, o “Communique”, com pautas urgentes de um gênero que ainda é sua maioria em volume, mas que precisa ter mais espaço e voz: as mulheres.
O W20 reúne especialistas dos países que compõem o G20, que abordam diversos temas e atuam na maior parte da sociedade civil e em segmentos como startups, universidades e negócios sociais. Neste ano, o evento e a preparação do “Communique”, documento com as principais áreas e recomendações do grupo, contam com pautas que impactam diretamente a vida e o dia a dia das mulheres, sendo empreendedorismo feminino, justiça climática, violência de gênero, questões etnicorraciais e, pela primeira vez, a economia da cidade.
Tive a oportunidade de acompanhar algumas das atividades do W20 e viver a emoção de estar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, testemunhando bem de perto a entrega de um documento tão importante nas mãos de autoridades como a Ministra Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial. Eu acredito que esses temas estão enraizados na sociedade e estão tatuados nas peles das mulheres como uma cicatriz de guerra. Elas enfrentam inúmeros desafios históricos, culturais, econômicos e políticos, como a desigualdade salarial, todos os tipos de violência, o acesso limitado a oportunidades educacionais e de carreira, discriminações e entre outros. Trazê-los à tona em discussões e debates deveria ser uma obrigação de todos nós, mas, apesar disso, apresentar e expô-los, principalmente, em um evento como esse, fortalece cada vez mais a luta feminina, aumenta a visibilidade da causa e contribui para a conscientização dos indivíduos.
Uma das falas de destaque durante o evento foi realizada por Neca Setubal, Presidente da Fundação Tide Setubal e Conselheira do W20 Brasil, que fez parte da criação do observatório do Pacto Nacional de Combate às Desigualdades Sociais, responsável por levantar dados socialmente relevantes do nosso país. Um dos indicadores, com o recorte de raça e gênero, apresentados durante sua palestra, se trata do desenvolvimento de políticas públicas voltadas aos temas discutidos pelo W20. Uma pesquisa feita pelo observatório mostra, de uma forma gritante, a baixíssima representatividade das mulheres na política, algo que Neca diz ser inaceitável. O Brasil é um dos países da América Latina que mais está desatualizado nessas pautas. E nem estamos falando de Europa e EUA.
Outra líder feminista que trouxe diversos temas importantes foi a Benilda Brito, Grio da Múcua Consultoria. Ela ressalta que a falsa abolição da escravidão foi feita há anos, mas os negros são o povo que sobrevive a própria sorte. Além disso, expõe toda a negligência e violência de gênero, que vem desde o útero até o cárcere, que são denunciadas pelo movimento de mulheres negras do país. A ativista também afirma que quando repetidas violações de direitos recaem sobre o mesmo grupo que tem as mesmas características físicas, mulheres, retintas, cabelo crespo, nariz chato e pele escura, não é coincidência. Com isso, ela termina dizendo que os países, e principalmente o Brasil, ainda têm muito a melhorar e terão que correr o mais rápido possível para alcançar as propostas da Agenda 2030 da ONU.
Como produtor de conteúdo, sempre busquei dar espaço a vozes que acreditam nos seus propósitos de mudar o mundo, de fazer as coisas diferentes e de trazer para o mercado de comunicação conteúdos audiovisuais que conscientizem parte da população. Ao envolver o público em diálogos sobre questões como feminicídio, direitos reprodutivos, igualdade salarial e representatividade política, não só ajudamos a ampliar essas informações e dados, mas também contribuímos para a promoção de países mais justos e igualitários, beneficiando não apenas as mulheres, mas todas as comunidades. Para o segmento, incentivamos que as marcas procurem se engajar cada vez mais em projetos que defendem causas de movimentos e demandas sociais, pois, dessa forma, conseguimos transportar esse tipo de conversa a uma audiência muito maior.
Ressalto ainda que, entre os dias 18 e 19 de novembro, na cidade do Rio de Janeiro, seremos palco para um outro evento internacional importantíssimo, o G20, que avaliará e desenvolverá as propostas entregues pelo W20. Para o nosso país, essa é uma oportunidade de consolidar a posição brasileira na discussão social, política, econômica e sustentável, além de fortalecer e liderar o diálogo de questões cruciais para o restante do mundo. Este é só o começo da visibilidade do Brasil.