Não podemos falar de Personal Branding como prática profissional se não entendermos um pouco mais a fundo alguns componentes que tornam esta profissão tão importante e com princípios, não só por se tratar de um negócio, mas também por lidarmos com o indivíduo, no papel de cliente, tanto na vida pessoal como profissional.
Vou abordar alguns tópicos importantes para transformar essa profissão estratégica em rentável dentro dos mais éticos princípios profissionais e embasamentos teóricos, pois não estamos tratando de um conceito estético, mas sim, lidando com o autoconhecimento, método de aplicação e aprendizagem para somente depois falarmos de Personal Branding como gestão estratégica e um negócio.
AUTOCONHECIMENTO
De acordo com DI SAVAL (2019), é pelo autoconhecimento que você vai perceber de fato: quem você é e quem quer ser, o que está fazendo e o que gostaria de fazer. O autor também cita que os seus talentos, pretensões e fraquezas só podem ser discernidos e bem separados quanto mais você se conhece.
Conhecer-se é uma habilidade relevante para o desenvolvimento do ser humano, seja na vida profissional como pessoal. É ter clareza de aspectos importantes sobre sua individualidade como, valores, crenças e propósito. Cada vez que se adquire autoconhecimento, o cérebro se encarrega de armazenar as informações aprendidas para serem utilizadas quando necessário, fazendo com que crie novas conexões (vias neurais).
JUNG (2014) afirma:
Individuação significa tornar-se um ser único, na medida em que por “individualidade” entendermos nossa singularidade mais íntima, última e incomparável, significa também que nos tornamos o nosso próprio si-mesmo. Podemos pois traduzir “ individuação” como “tornar-se si-mesmo” (Verselbstung ou “ o realizar-se do si-mesmo” (Selbstverwirklichung).
JUNG (2014), explica a individuação sendo um processo de desenvolvimento psicológico em que o ser humano demostra o ser único que realmente é.
É com aumento da consciência de quem se é, da consciência de sua essência, do entendimento da individualidade que ocorre todo o processo de autoconhecimento. O autoconhecimento torna-se cada dia mais imprescindível tanto no âmbito pessoal quanto profissional, é esforçar-se para entender a si mesmo para que se possa alcançar resultados e também o sucesso.
Para JUNG (2013), se autoconhecer não se resume em somente conhecer a nossa personalidade, mas o autoconhecimento vai além disso, é compreender também os conteúdos do seu inconsciente. O indivíduo normalmente se define baseado no que as pessoas percebem a seu respeito e não no que realmente se encontra no seu todo.
MÉTODO E TÉCNICA
A metodologia é importante e dá credibilidade e embasamento para o processo aplicado. Para mim, existem três tipos de pessoas que se relacionam com as metodologias: aquelas que utilizam o método de forma muito eficaz, aqueles que simplesmente aplicam e não estão preocupados com resultados e pessoas que acham que falar sobre isso é uma perda de tempo. Por outro lado, estes que consideram uma perda de tempo, geralmente trabalham por tentativa e erro.
GALLIANO (1979) diz que se consultar mais de um dicionário, certamente você encontrará sentidos diferentes para o significado do termo “método”. Não se preocupe muito com isso em essência, todas as acepções da palavra “método” registradas em dicionário estão intimamente ligadas à origem do termo methodos, criado pelos gregos na Antiguidade. Na antiga Grécia methodos significava “caminho para chegar a um fim”.
Com o passar do tempo essa significação generalizou-se e o termo passou a ser empregado também para expressar outras coisas, como “maneira de agir”, “tratado elementar”, “processo de ensino” etc. Isso, porém, não impediu que conservasse sua validade com o significado de “caminho para chegar a um fim”, precisamente a acepção que nos interessa.
O filólogo (Filologia é o estudo da linguagem em fontes históricas escritas, incluindo literatura, história e linguística.), Antenor Nascentes, por exemplo, define método da seguinte maneira:
“Conjunto dos meios dispostos convenientemente para chegar a um fim que se deseja” (45: p. 1084, v. 4).
Cândido de Figueiredo aprofunda essa definição, esclarecendo-a assim:
“Conjunto de processos racionais, para fazer qualquer coisa ou obter qualquer fim teórico ou prático” (20: p. 1 69, v. 2).
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira vai ainda mais longe e registra:
“Caminho pelo qual se chega a um determinado resultado, ainda que esse caminho não tenha sido fixado de antemão de modo deliberado e refletido” (7: p. 925).
Existem vários profissionais com métodos já em funcionamento e validados por seus anos de experiências profissionais na área, dos quais podemos citar:
· Rui Miguel Coelho (Portugal)
· Willian Arruda: (Estados Unidos)
· Paulo Moreti: (Brasil)
· Tim Clark, Alexander Osterwalder e Yves Pigneur (Estados Unidos)
· entre outros;
Para muitas pessoas os termos método e técnicas se confundem, porém são bem diferentes, GALLIANO (1979) diz que técnica, é o modo de fazer de forma mais hábil, mais segura, mais perfeita algum tipo de atividade, arte ou ofício.
BRANDING
Contextualizando o Branding
A palavra “marca” traduzida para o inglês (brand) provém de um termo nórdico “brandr” que por sua vez quer dizer queimar. O Branding ou brand management, significa fazer a gestão da marca, seu nome, imagem ou ideias associadas a uma empresa.
Branding ou gestão de marca é um conjunto de ações estratégicas importantes para o posicionamento das empresas. É utilizado com o objetivo de tornar as marcas mais desejadas, criando conexões positivas na mente dos seus consumidores, contribuindo para construção da percepção do consumidor em relação a elas, utilizando como subsídio para essas ações, os valores, propósito, crenças e posicionamento da empresa.
Segundo AAKER (2015) no final dos anos 80, inicia-se o conceito de marca como sendo um ativo, as empresas compreenderam que se tratava agora de uma questão importante para a estratégia do negócio e não mais apenas uma função dada a uma equipe de comunicação.
A marca não entrega apenas uma promessa feita, seja no âmbito emocional ou funcional aos consumidores que se relacionam com ela, mas desenvolve uma relação norteada por percepções e experiências que esta causa e impacta nestes consumidores. AAKER (2015)
PERSONAL BRANDING
Da mesma forma que as empresas compreenderam, com o passar do tempo, a importância de se fazer a gestão das suas marcas corporativas, de seus produtos ou serviços como uma estratégia de negócios, os indivíduos começaram a se apossar deste conceito.
O Personal Branding ou gestão de marca pessoal surge em meados 1937 nos EUA e veio ganhando notoriedade no decorrer dos anos sendo popularizado apenas em 1997, onde profissionais começaram a perceber a relevância de se diferenciar no mercado competitivo, não somente por suas habilidades aprendidas durante a vida e carreira, mas também trazendo como estratégia de vendas de suas marcas pessoais um posicionamento embasado em verdades internas, únicas e valores, e não com um marketing pessoal construído de forma vazia apenas para encantar o cliente, vendendo uma “embalagem bonita mas sem conteúdo”, porém foi só em 2001 que a gestão de marca pessoal começou a ser difundida no Brasil e mais recentemente compreendida como uma estratégia necessária.
Para MONTOYA, P; VANDEHEY, T (2010) a marca pessoal é um potente instrumento para se construir uma carreira profissional, porém deve, para seu sucesso, empregar as estratégias, planejamento e coerência.
MONTOYA, P; VANDEHEY, T (2010) afirma que:
Sua marca pessoal é a imagem que vem à mente dos clientes em potencial quando eles pensam em você. Ela representa seus valores, sua personalidade, suas qualificações e as qualidades que fazem de você um indivíduo singular entre os concorrentes. Por isso é tão importante que você se mantenha autêntico ao criar a sua marca. As pessoas querem trabalhar com você, não com o produto de uma jogada de marketing.
Para MONTOYA, P; VANDEHEY, T (2010) a marca pessoal de um profissional é um compromisso de se fazer algo, ou seja, uma promessa, gera expectativas e indexa no inconsciente dos clientes a informação do que esperar de você e dos seus serviços.
Segundo MONTOYA, P; VANDEHEY, T (2010) “o desenvolvimento de uma marca pessoal tem tudo a ver com a percepção – com a maneira como os outros o percebem.”
Todos os indivíduos que se relacionam com um marca pessoal no âmbito profissional, necessariamente passam por 4 estágios: 1º o reconhecimento, onde o cliente ainda não tem clareza de quem a marca pessoal é e o que faz; 2º a afinidade, onde por meio das mensagens propagadas pela marca pessoal o indivíduo inicia o relacionamento com sentimentos positivos; 3º o entendimento, que é o passo seguinte onde se quebra a barreira da afinidade e se busca maiores informações sobre a marca e o que ela faz e por fim, 4º o limiar da decisão onde o cliente consolida um conceito sobre a marca pessoal, suas qualidades, valores e inicia um relacionamento profissional com ela. MONTOYA, P; VANDEHEY, T (2010).
LIFELONG LEARNING – LLL
BRAGA (2018) diz que o conceito Lifelong Learning surge em 1972 na Dinamarca, porém sem um autor específico que poderia ser mencionado, mas em 1993 na Califórnia, a professora Leslie Warkins, ganha um prêmio ao se destacar pela adoção deste conceito estimulando os que chama de “ Lifelong Learnes”, na Europa em 2003 surgem iniciativas com a premissa do Lifelong Learning e que se transforma numa plataforma difundida em
toda a União Européia, para se fomentar a discussão sobre essa nova maneira de se ver a vida. Já no Brasil começa-se a dar destaque ao tema somente em 2017, com publicações em jornais e revistas, porém ainda de forma discreta.
“O conceito de educação ao longo da vida é a chave que abre as portas do século XXI; ele elimina a distinção tradicional entre educação formal inicial e educação permanente”, afirma Jacques Delors, no relatório “Educação: um tesouro a descobrir”, da Unesco. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000109590_por?posInSet=6&queryId=N-EXPLORE-33156364-0caa-487c-94e1-66e6b7951c01
O Lifelong Learning é uma forma de educação auto-iniciada com foco no desenvolvimento pessoal. Embora não haja uma definição padronizada Lifelong Learning, geralmente é considerada como se referindo à aprendizagem que ocorre fora de um instituto educacional formal, como uma escola, universidade ou treinamento corporativo.
CONCLUSÂO
Temos que entender que para se trabalhar como Personal Brander é necessário saber que quando estamos falando deste tema, estamos falando primeiro da essência de tudo, do autoconhecimento e alicerces que irão construir/definir como gestão estratégica, a Marca Pessoal de nossos clientes, para depois pensarmos como comunicar essa marca e quais ações serão feitas.
Baseado no que apresentei acima, considero importante como base de conhecimento para o profissional de Personal Branding:
ÉTICA: Um dos pontos mais valorizados pelo mercado e pelas pessoas que nos contratam é a ética profissional, ela é nossa chancela para uma carreira de sucesso e para nós profissionais que atuam com Personal Branding irá agregar credibilidade, confiança e respeito ao trabalho.
SIGILO: Muitos clientes não querem se expor dizendo que estão se valendo de uma assessoria de Marca Pessoal, inclusive em alguns casos deve-se redigir um termo de confidencialidade para garantir ao cliente toda a tranquilidade de o que estiver sendo trabalhado não será divulgado de forma alguma.
TREINAMENTOS PERIÓDICOS: Capacitar-se constantemente com profissionais de ponta para reforçar as diretrizes que permeiam a gestão de Marca Pessoal.
ABRANGÊNCIA: Estude temas correlacionados à questão de desenvolvimento humano que possam complementar seu conhecimento e contribuir para que o cliente tenha uma visão mais completa da própria construção da estratégia e gestão. Busque também por tendências que possam contribuir para esse conhecimento
Desenvolver um negócio de consultoria em MARCA PESSOAL de forma a assegurar total satisfação do cliente final, para isso, entendo que é importante se pensar em constituir/abrir uma empresa de assessoria, ou seja, ter um CNPJ, pois muitos clientes e empresas preferem contratar empresas para prestarem assessoria e palestras para seus colaboradores e não profissionais liberais.
Outro ponto é saber com clareza qual é a entrega, ou seja, em que área realmente você irá atuar com o cliente, exemplo de foco: gestão estratégica, gestão nas redes sociais, marca e imagem entre outras… Pois o cliente que nos procura não tem noção exata do que quer e as vezes se decepciona com o resultado, então seja claro antes de começar qualquer projeto, presente sua área de atuação, qual é o método que você utiliza, como será a abordagem, os objetivos e resultados que poderão ser alcançados.
Passos que um novo profissional de Marca Pessoal deve seguir para implementar as melhores práticas.
Para mim o que compreende às “Melhores Práticas” são:
· Fazer uma formação em Personal Branding que traga um processo já estruturado para que possa iniciar sua trajetória profissional.
· Ter uma boa base teórica sobre temas como: autoconhecimento, coach, desenvolvimento pessoal, perfil comportamental e métodos já utilizados por profissionais com experiência para aplicação do processo de construção de Marca Pessoal.
· Ler artigos, livros e participar de grupos de discussão sobre os temas
· Ter uma postura não invasiva, pois você não é terapeuta e sim um consultor(a), gestor(a) ou facilitador(a).
· Discrição ao trabalhar com altos executivos que estão passando pelo processo.
· Manter suas mídias sociais, site e materiais de apoio sempre atualizados.
· Sempre atento os movimentos do mercado
· Ter um MBA ou um curso de Extensão com uma boa carga horária, ou seja, certificação sobre Branding, para se poder falar de Personal Branding.
Baixe nossa brochura em https://www.simpleyou.com.br/formação-em-personal-branding
REFERÊNCIAS
AAKER D. On Branding: 20 princípios que decidem o sucesso das marcas. Porto Alegre: Bookman, 2015. Edição Kindle
BRAGA, C. T. Lifelong Learning. Aprendizado para a vida. São Paulo, Bridge Soluções em Desenvolvimento Humano Ltda. 2018
BUARQUE DE HOLANDA FERREIRA, A. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, s.d.
FIGUEIREDO, C. Novo dicionário da língua portuguesa. 3. ed., Lisboa, Ed. Portugal-Brasil, s.d., 2 v
JUNG, C. G, O Eu e o Inconsciente. Obras completas. Vol. X/1. Petrópolis: Vozes, 2013. Edição Kindle
JUNG, C. G, Presente e futuro. Obras completas. vol. VII/2 Petrópolis: Vozes, 2014. Edição Kindle
MONTOYA, P; VANDEHEY, T. A marca chamada você. Crie uma Marca Pessoal de destaque e expanda sues negócios. São Paulo: DVS, 2010
NASCENTES, A. Dicionário ilustrado da língua portuguesa da Academia Brasileira de Letras. Rio de Janeiro, Bloch Ed., 1 972, 6 v.
Paulo Moreti: especialista em Personal Branding, publicitário, coach, autor, palestrante, criador da metodologia Personal Branding Step by Step, sócio da Simple You Desenvolvimento Humano