Assim como no início do ano passado, a APRO apresenta um novo balanço do mercado audiovisual publicitário. A associação reuniu dados de Registro de Obras Publicitárias da ANCINE, somado a informações complementares coletadas por uma pesquisa feita internamente junto às associadas e diversas agências, no intuito de apresentar o retrato da atual situação, do impacto desse 2° ano de Pandemia no Mercado e a retomada que a 3ª fase do Protocolo e a vacinação contra a Covid-19 proporcionaram.
De acordo com os dados da ANCINE, houve uma tímida recuperação no volume total de registro de obras publicitárias. Em 2021, o número foi de 38.538 títulos registrados, observa-se assim um leve crescimento de 0,7% em relação a 2020 (onde foram registrados 38.281 títulos). No cenário nacional, no que tange a participação por Estado, os estados do sul e sudeste mantiveram os maiores números de registros, assim como as posições, com exceção do Rio de Janeiro, que passou a ocupar o mesmo lugar que o Rio Grande do Sul. Sendo assim, São Paulo permaneceu em primeiro lugar com a mesma porcentagem do ano passado (32%), seguido por Paraná (11%), Santa Catarina (9%), Minas Gerais (7%) e Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (6%). Os registros no Eixo Rio-SP também mantiveram o patamar de índices apresentados em 2020.
Com relação às modalidades de registro de obras publicitárias, observa-se uma queda de 9% do volume de registros de obras estrangeiras em comparação a 2020. Já com relação às obras brasileiras filmadas no Brasil, os dados apresentaram um aumento de 0,7% em relação a 2020, o que aponta para uma tímida recuperação do Mercado em 2021.
Para complementar a análise dos dados da ANCINE, a APRO novamente realizou, durante o mês de janeiro de 2022, um mapeamento do mercado. Participaram da pesquisa 54 produtoras associadas e 22 representantes do time de produção das agências. “Assim como no ano passado, mantivemos uma análise mais profunda com base em dados quantitativos e qualitativos. Aprendemos muito com 2020 e acredito que tivemos uma atuação ainda melhor, principalmente com a vacinação de Covid-19, que é exigida na 3ª fase do Protocolo de Saúde e Segurança. Buscamos maneiras mais eficientes para mitigar os riscos e gargalos de dois anos atrás e a pesquisa mais uma vez nos ajudou a traçar um retrato real de como foi 2021 para as nossas produtoras, assim como entender o olhar do mercado publicitário em relação às iniciativas lideradas pela APRO”, explica Marianna Souza, presidente executiva da APRO.
Em comparação a 2020, os números foram positivos quando olhamos para os dados de projetos cancelados e do quadro de funcionários. De acordo com produtoras associadas à APRO, apenas 25% tiveram projetos cancelados (em 2020, esse valor era de 56%) e 54% das associadas aumentaram o número de funcionários fixos (no mesmo período de 2020, 50% declararam redução no quadro de funcionários) e 27% não tiveram alteração.
Para as produtoras associadas, 44% perceberam um aumento nos orçamentos em 2021 e 23% dizem que continuou igual ao ano anterior. Além disso, 62% das produtoras declararam que o custo Covid impactou entre 5 a 10% dos orçamentos dos filmes.
Um dos maiores legados da APRO em 2020, com relação à pandemia, foi a criação e implementação do Protocolo de Saúde e Segurança no Trabalho do Mercado Audiovisual, em conjunto com o SIAESP e o SINDCINE, o qual foi mantido no ano passado, mas com algumas mudanças – chamada de 3ª fase – devido à vacinação contra Covid-19 e a diminuição de casos e mortes provocados pela doença.
A pesquisa mostra que para 94% das produtoras o protocolo auxiliou na retomada das atividades e 96% das associadas avaliaram o documento como “bom ou ótimo”. A mesma percepção é sentida pelas agências: 95% das participantes consideram o documento “ótimo” e reforçam que a aplicação do mesmo ajuda a mitigar os riscos no set. Ainda pelo ponto de vista das agências, 86% se consideram “satisfeitas ou muito satisfeitas” com o desempenho das produtoras na pandemia. O lado negativo é que apenas 42% das produtoras conseguem repassar os custos relacionados a aplicação do Protocolo para os clientes.
Diante do cenário atual, que viu uma recuperação, mas também um aumento de casos provocados pela variante Ômicron, alguns gargalos na produção permaneceram, sendo os principais: cronogramas apertados (66%) e roteiros que não são compatíveis com a verba e/ou com a situação da pandemia (64%).
“Com a vacinação e a diminuição de casos, conseguimos ver um mercado aquecido e uma retomada positiva para as produtoras. No entanto, por mais que tenha tido medidas flexibilizadas, não podemos deixar de enfatizar medidas que foram necessárias para que o cenário continuasse positivo como: a obrigatoriedade da vacinação, a importância do respeito a jornada de trabalho de 12h e o número de pessoas permitidos nos sets. Recentemente, passamos por uma nova fase da pandemia com a chegada da variante Ômicron, que nos deixou cautelosos no início do ano por ter elevado o número de casos. No entanto, o Brasil como um todo conseguiu superar rapidamente essa nova onda, principalmente porque as pessoas, em sua maioria, se vacinaram.
Novamente vemos um cenário positivo, em que as medidas estão sendo cada vez mais flexibilizadas. Porém, reforçamos a importância de seguirmos vigilantes, uma vez que a pandemia ainda não terminou. Principalmente porque observamos, nesse momento, países na Ásia e Europa voltando a registrar aumento no número de casos, o que nos deixa o alerta sempre ligado. Além disso, vale salientar que, no último ano, assim como em 2020, nós mantivemos o contato com as empresas e agências que muitas vezes buscaram compreender o nosso lado. Logo, estamos com boas expectativas, mas ainda cautelosos, observando o mercado como um todo”, complementa Marianna.
Com esse novo cenário, 94% das produtoras associadas declararam ter expectativas positivas para 2022.